As quadrilhas juninas, hoje sinônimo de alegria e tradição nas festas de São João em Pernambuco, têm uma origem que poucos imaginam: elas nasceram nos salões da aristocracia europeia. O que começou como uma dança de elite, no século XIX, se transformou em uma das manifestações culturais mais populares do Nordeste brasileiro.
Das cortes europeias aos arraiais nordestinos
Inspiradas nas contradanças francesas, as quadrilhas chegaram ao Brasil trazidas pela nobreza portuguesa. Nos salões das cidades, eram um divertimento da alta sociedade. Mas foi no campo, adaptada pelo povo, que a dança ganhou vida nova e se tornou parte essencial das festividades juninas.
A transformação cultural
Com o tempo, os passos sofisticados deram lugar a coreografias mais soltas e animadas. O figurino também mudou: saias rodadas, chapéus de palha e remendos coloridos substituíram os trajes elegantes. A música se abrasileirou, incorporando instrumentos regionais como a sanfona e o triângulo.
O auge no São João de Pernambuco
Hoje, as quadrilhas são a alma do São João pernambucano. Grupos se preparam o ano inteiro para os concursos que acontecem durante as festas. As apresentações misturam dança, teatro e humor, contando histórias típicas do sertão nordestino.
- Mais de 200 grupos participam anualmente dos festivais
- As coreografias podem ter até 40 dançarinos
- Temas regionais são obrigatórios nas apresentações
O São João de Caruaru e o de Campina Grande, considerados os maiores do mundo, atraem milhares de turistas graças, em grande parte, ao espetáculo das quadrilhas juninas.
Patrimônio cultural
Em 2021, as quadrilhas juninas foram reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN. Um justo reconhecimento para uma tradição que começou nos salões e hoje é celebrada em praças públicas por todo o Nordeste.
A próxima vez que você vir uma quadrilha junina, lembre-se: está assistindo a uma dança que atravessou oceanos e séculos para se tornar a expressão máxima da cultura popular nordestina.
