
O sol raiava tímido sobre o Rio quando a notícia se espalhou: Preta Gil, aquela força da natureza com voz de mel e coragem de leoa, seguiria numa jornada silenciosa. O corpo da cantora e ativista — que tanto coloriu nossos dias — será cremado ainda hoje, segundo fontes próximas à família.
Nada de pompas ou holofotes. Assim como ela viveu seus últimos meses, cercada pelo afeto dos seus, a despedida será discreta. O velório, restrito a parentes e amigos íntimos, acontece no Parque da Paz, em Sulacap, zona oeste carioca. "Ela sempre detestou circo", comentou um amigo, com a voz embargada.
O adeus que ecoa
Quem acompanhava Preta nas redes sabe: ela transformou sua batalha contra o câncer num diário público cheio de luz. Ironia cruel — justo quando os tratamentos pareciam surtir efeito, uma infecção hospitalar levou embora essa guerreira de 48 anos. A família Gil, aquela árvore frondosa da música brasileira, agora se dobra em silêncio.
Detalhes que doem:
- A cremação acontecerá no Memorial do Carmo, mesmo local onde Chico Science foi velado
- Flores? Só as discretas, como ela pedia nos bastidores
- Gilberto Gil, o eterno pai, chegou de Salvador ainda na madrugada
E o Brasil? Ah, o Brasil chora à sua maneira. Nas esquinas do Pelourinho, nos estúdios de TV onde ela brilhou, nos milhares de comentários que transformam suas redes num mural de afeto. "Preta não era celebridade — era parente", escreveu uma fã, resumindo o que muitos sentem.
Enquanto as chamas do crematório realizam seu ofício silencioso, resta uma certeza: essa voz não se cala. Nem poderia.