
O silêncio chegou para uma das vozes que durante décadas narrou o Brasil. Aos 95 anos, Pedro Farah partiu — e o Rio de Janeiro, cidade que escolheu para viver, parece hoje um pouco mais quieto.
Quem não se lembra daquela entonação única, quase um registro familiar entrando nas salas de jantar às noites? Farah não era apenas um locutor; era uma presença. Alguém que explicava o mundo com calma, mesmo quando as notícias pareciam desabar.
Nascido em… ora, quem é que se importa com o ano quando a vida foi tão longa e tão bem vivida? O que fica é a trajetória. A carreira começou no rádio — sim, aquela mídia quente, íntima, que exigia verdade na voz. E ele tinha de sobra.
Da sintonia fina ao vídeo: uma transição natural
Quando a televisão chegou, bruta e visual, muitos radialistas não sobreviveram à transição. Farah, não. Ele migrou com uma elegância rara, como quem troca de palco sem perder o texto.
E não é que ele ficou ainda melhor? A imagem somou, mas nunca apagou o poder daquela fala. Cristalina, ponderada. Uma daquelas vozes que você ouviria lendo a lista de compras e ainda assim acharia interessante.
No Jornal Nacional, encontrou seu lugar de destaque. Mas diferente de alguns colegas que buscavam os holofotes, Farah parecia comfortable nos bastidores — sua voz era a estrela, não seu rosto.
O homem por trras do microfone
Fora dos estúdios, contam os que o conheceram, era um gentleman da old school. Educado, low profile, daqueles que ainda escreviam cartas à mão e acreditavam que a notícia era um serviço público, não espetáculo.
Numa era de influenciadores de cinco minutos, sua carreira longeva é um testemunho silencioso: qualidade ainda importa. Respeito ao público ainda conta. E o charme discreto… bem, esse nunca sai de moda.
Não houve detalhes sobre a causa da morte — e honestly, does it really matter? Uma vida de 95 anos bem vividos merece ser lembrada pelo que foi, não pelo fim.
O legado? Está aí, ecoando em cada jornalista que ainda acredita que falar com clareza é um ato de respeito. E na memória afetiva de milhões que cresceram ouvindo aquela voz que parecia saber das coisas.
Descanse em paz, Pedro Farah. O éter nunca mais será o mesmo.