
Milão não foi a mesma esta semana. Algo no ar, uma certa melancolia elegante, pairava sobre as ruas que tantas vezes inspiraram o homem que vestiu o mundo com sobriedade e graça. Giorgio Armani partiu. E, meu Deus, que vazio ele deixa.
Aos 90 anos, o arquiteto do estilo atemporal — aquele que dispensava etiquetas e abraçava a silhueta que libertou a mulher dos espartilhos fashion — nos deixou. Não foi apenas um costureiro que se foi. Foi um visionário.
Lembro-me de ver suas primeiras coleções, lá nos anos 80. Que revolução! Enquanto todos gritavam, Armani sussurrava. E todos ouviam. Seu estúdio confirmou a notícia nesta sexta-feira, e parece que até o céu de Milão escureceu um pouco.
Não Seguiu Regras. Criou-as.
Armani não era apenas um nome. Era um verbo. Armanizar significava vestir-se com confiança, com uma quietude que berrava elegância. Ele misturou o masculino e o feminino de um jeito que ninguém ousara antes. E fez disso arte.
Quem não se lembra dos ternos desestruturados? Das paletas de cores terrosas? Das modelos que desfilavam com uma serenidade quase intimidante? Isso não era moda. Era filosofia.
Muito Além das Passarelas
E pensar que ele começou… numa loja de departamentos. Sim! Na Rinascente, em Milão. Dali para construir um império que vestiu estrelas de cinema, poderosos executivos e até atletas — lembra dos uniformes da Itália nas Olimpíadas? Tudo dele.
Hollywood o amou. Richard Gere em "American Gigolo" não foi um personagem. Foi um manifesto Armani. E o cinema nunca mais vestiu o mesmo.
Mas ele não ficou só no glamour. Era um humanista. Na pandemia, realocou sua produção para fazer máscaras e aventais. Como assim? Um gigante da moda parando tudo para servir. Isso diz tudo sobre o homem por trás da marca.
O Silêncio que Ecoa
Agora, Milão se cala. As luzes da Via Bergognone — onde ficava seu estúdio — parecem mais fracas. O mundo da moda perdeu seu poeta principal. A Itália, um de seus filhos mais brillantes.
E eu me pergunto: quem vai carregar essa tocha? Quem terá a coragem de ser simplesmente genial sem precisar de hologramas ou truques?
Giorgio Armani fez mais do que roupas. Fez história. Fez cultura. Fez estilo. E esse legado — ah, esse legado — é eterno.
Arrivederci, Maestro. O palco agora é seu para sempre.