
Quem diria que um programa icônico como Vale Tudo acabaria se transformando em algo digno das tramas mais exageradas da televisão mexicana? Pois é exatamente isso que revela um ex-consultor da TV Globo, que preferiu não ter seu nome divulgado — afinal, ninguém quer queimar pontes nesse meio, né?
Segundo ele, o que começou como uma proposta inovadora — um reality show cheio de desafios e provas físicas — acabou descambando para um verdadeiro circo de intrigas, manipulações e exageros. "Virou uma novela das nove, só que sem roteiro", brinca, com um tom de ironia que não disfarça a decepção.
Onde foi que a coisa degringolou?
O ex-consultor aponta que o problema não foi um só, mas uma série de decisões questionáveis. Primeiro, a produção começou a forçar conflitos entre os participantes — aquelas brigas que parecem tão espontâneas na tela, mas que, nos bastidores, eram quase coreografadas. "Chegou um ponto em que os participantes já sabiam: se não tivesse gritaria, não teria tela", revela.
Depois, vieram os desafios. O que antes era para testar limites físicos e estratégicos virou uma sequência de provas cada vez mais absurdas, quase como se o programa estivesse em uma competição consigo mesmo: "Quem consegue inventar a coisa mais ridícula possível?"
E o público? Será que percebeu?
Pode parecer óbvio agora, mas na época muita gente ainda engolia a narrativa. "As pessoas amam um drama, mesmo que falso", reflete o consultor. Mas será que essa fome por entretenimento a qualquer custo não acabou custando demais? A audiência, no fim, começou a cair — e não foi por falta de tentativas de segurá-la com truques cada vez mais desesperados.
Ah, e não vamos esquecer do papel das redes sociais nisso tudo. Enquanto o programa tentava se manter relevante, os memes e críticas online só aumentavam — ironicamente, muitas vezes gerando mais engajamento do que o próprio conteúdo exibido.
Um final previsível?
Com tanta artificialidade, era questão de tempo até o cansaço chegar. O ex-consultor compara a situação a um balão que enche demais: "Uma hora estoura, e todo mundo fica olhando os cacos, sem entender direito como foi parar ali".
Será que dá para resgatar o espírito original? Ele duvida — pelo menos não enquanto a indústria continuar obcecada por números a qualquer custo. "Às vezes, menos seria mais", suspira, antes de encerrar a conversa com um silêncio que diz mais do que palavras.