
Quem diria que o grito primal de "I am Iron Man" ecoaria com sotaque nordestino? Na noite de ontem (22), um grupo de corajosos músicos de Fortaleza decidiu desafiar o destino — e os tímpanos da plateia — com um tributo que deixaria até Sharon Osbourne com inveja.
Não foi só mais um coverzinho meia-boca. A fa (pra quem não tá por dentro da gíria local, é "cearense" no dialeto terra-da-luz) transformou o palco numa espécie de Woodstock do sertão, onde o heavy metal encontrou a rabeca e saíram no braço.
Do Black Sabbath ao baião
O vocalista — que prefere ser chamado de "Zé Ramalho do Metal" — confessou entre um gole de água e outro: "A gente até tentou fazer igual, mas o calor de 40°C aqui não deixa a voz ficar tão rouca quanto o mestre". Resultado? Uma mistura inusitada de Crazy Train com embolada que, pasmem, funcionou.
- Guitarra elétrica desafinando com o som da sanfona? Check.
- Bateria acelerada combinando com zabumba? Óbvio.
- Plateia cantando "Paranoid" como se fosse música de São João? Isso mesmo.
E pensar que tudo começou numa banquinha de CDs piratas na Praia de Iracema, onde o guitarrista descobriu um disco arranhado do Black Sabbath por R$5. Hoje, eles têm agenda cheia até dezembro — prova de que o rock, assim como jeriçaca, não morre nunca.
E o que Ozzy acharia disso?
Difícil dizer. Mas considerando que o homem já mordeu morcego e quase foi preso por urinar no Alamo, provavelmente aprovaria a ousadia. Afinal, como dizem por aqui: "No Ceará, até diabo vira farinha".
Enquanto o "Príncipe das Trevas" se recupera de seus problemas de saúde lá na Inglaterra, aqui no Nordeste brasileiro seu legado continua mais vivo do que barata depois de chinelada. E pra quem duvida que metal e cultura regional podem se misturar, os caras deixaram um recado: "Volta Ozzy, que a gente te ensina a tomar cachaça direito!"