
Não é de hoje que a discussão esquenta nos corredores da TV Globo – mas dessa vez, veio com nome e sobrenome. Rosane Svartman, autora de novelas que marcaram gerações, botou a boca no tópico e falou o que muita gente pensa, mas poucos têm coragem de dizer em alto e bom som.
Num daqueles debates que parecem roteiro de filme, ela foi direta: as novelas precisam, urgentemente, espelhar a complexidade e a riqueza do povo brasileiro. E não é só sobre incluir mais personagens negros – embora isso seja fundamental, claro. É sobre representar todas as nuances, sotaques, histórias e realidades que fazem deste país uma nação tão singular.
Um Grito por Autenticidade
Svartman, que já nos presenteou com tramas inesquecíveis, argumenta com a convicção de quem conhece o ofício. Para ela, diversidade não é modinha ou agenda – é sobrevivência artística. As audiências mudaram, tornaram-se mais críticas, mais conscientes. E querem se ver na tela. Querem reconhecer suas próprias vidas refletidas naquela janela mágica da sala.
O que ela propõe? Uma revolução silenciosa nos escritórios de criação. Uma mudança de mentalidade que começa na escolha dos elencos, passa pela construção dos personagens e termina na própria estrutura das histórias. Porque não adianta ter um elenco colorido se as narrativas continuam presas a arquétipos ultrapassados.
Além dos Estúdios: O Impacto Social
O mais fascinante – e Rosane destaca isso com brilho nos olhos – é o poder transformador dessa representação. Quando uma criança se vê representada na televisão, algo mágico acontece. É como se dissessem para ela: 'você importa, sua história vale a pena ser contada'. E esse reconhecimento pode mudar trajetórias, quebrar ciclos, inspirar futuros.
Mas calma, não é sobre fazer panfletagem. A arte precisa respirar, precisa ser sutil. A diversidade deve surgir organicamente, como parte natural do tecido narrativo. Deve sentir-se inevitável, não forçada. É aí que mora o desafio – e a genialidade.
O recado de Svartman ecoa além dos estúdios da Globo. É um convite para toda a indústria do entretenimento repensar seu papel social. Afinal, num país tão plural como o Brasil, continuar contando histórias de apenas um pedaço da população é, no mínimo, uma oportunidade perdida. Ou pior: uma injustiça narrativa.
Resta saber quem vai pegar a luva. A bola agora está com os tomadores de decisão. E com o público, que nunca deixou de exigir mais.