Exemplo de humanidade: técnico do SAMU de Joinville morre aos 54 anos deixando legado de dedicação
Técnico do SAMU de Joinville morre aos 54 anos deixando legado

Era uma daquelas pessoas que faziam a diferença sem alarde. O técnico de enfermagem do SAMU de Joinville, cuja trajetória profissional marcou incontáveis vidas, faleceu nesta semana aos 54 anos — deixando um vácuo difícil de preencher.

Quem trabalhou com ele descreve um sujeito fora do comum: o tipo que chegava antes do horário, fazia plantões extras sem reclamar e ainda encontrava tempo para acalmar pacientes assustados com aquele jeito calmo que só os verdadeiros profissionais da saúde possuem.

Mais que um uniforme

Não era apenas o crachá que o definia. Colegas lembram de situações quase invisíveis — como quando ele tirava do próprio bolso para comprar remédios a quem não podia pagar, ou aquela vez que passou a noite toda ao lado de uma idosa assustada no pronto-socorro, segurando sua mão até a família chegar.

"Tinha dias que a gente chegava exausto depois de atender chamados difíceis", conta uma enfermeira que prefere não se identificar. "Mas ele sempre encontrava um jeito de animar a equipe com aquelas piadas sem graça que só ele sabia contar."

O preço da dedicação

O trabalho no SAMU não é para qualquer um. Plantões intermináveis, situações de extremo estresse e a constante pressão por tomar decisões que literalmente definem quem vive e quem morre. Mesmo assim, ele persistiu por anos — até que o próprio corpo disse basta.

Nos últimos meses, a saúde do técnico começou a declinar. Problemas cardíacos que talvez fossem o preço de tanto se doar aos outros. Mas mesmo debilitado, insistia em trabalhar — até que uma complicação súbita o levou na última quarta-feira.

O que fica

Nas redes sociais, dezenas de relatos de pessoas que cruzaram seu caminho. Uma mãe agradecendo pelo cuidado com seu filho durante uma crise asmática. Um motoboy que ele salvou após um acidente. Até um mendigo que lembrava das roupas quentes que recebia todo inverno.

Numa época em que o serviço público de saúde vive crises e desvalorização, histórias como essa — de gente que vestia a farda como segunda pele — servem de lembrete: por trás de cada ambulância, há humanos cuidando de humanos.

Joinville perdeu um de seus heróis anônimos. Mas o exemplo permanece.