
A vida é feita de ciclos, e o de Antônio Genez Parise — um desses raros indivíduos que deixam marcas profundas — chegou ao fim. Aos 106 anos, ele partiu, deixando um legado que atravessou décadas em Avaré. Não foi só um nome, mas um pedaço da história da cidade.
Quem o conheceu garante: tinha um jeito peculiar de unir as pessoas. Fundador do Centro Avareense, Parise ajudou a construir não só uma instituição, mas um ponto de encontro para gerações. E olha que isso foi lá nos idos de... bem, faz tempo. Mas o que importa é que ficou.
Uma vida longa, mas nunca suficiente
Cento e seis anos. Dá pra imaginar? Quase um século e meio de histórias — algumas contadas, outras perdidas no tempo. Dizem que ele lembrava dos detalhes mais ínfimos, como a textura do café coado no filtro de pano nos anos 40. Coisas que a gente hoje nem sabe como era.
Não era só a idade que impressionava. Era a lucidez. Até pouco tempo atrás, ainda dava palpite nas reuniões do Centro. "Tem que preservar as raízes", repetia. E não era discurso vazio: ajudou a catalogar documentos, fotos, até receitas antigas que viraram patrimônio cultural.
O que fica
Além do Centro, Parise deixou quatro filhos, nove netos e uma penca de bisnetos — alguns nem sabem ainda o tamanho da história que carregam no sobrenome. A família, aliás, sempre foi seu orgulho maior. "A gente plantou árvore com fruto", brincava ele, misturando o português com o sotaque interiorano.
O velório acontece naquela capela antiga do centro, a mesma onde ele se casou em 1947. Ironia do destino ou fechamento de ciclo? Quem sabe. O certo é que Avaré perdeu um pedaço de sua memória viva hoje. Mas, como ele mesmo dizia: "História a gente não apaga, só guarda".