
Era pra ser mais um dia comum naquela estrada de terra batida, cercada pelo verde intenso da mata. Mas o que aconteceu na tarde desta sexta-feira (19) deixou um rastro de tristeza — e perguntas. Um tamanduá-mirim, desses pequenos e frágeis, foi encontrado sem vida após ser atingido por um veículo na estrada vicinal que corta a reserva florestal em Presidente Epitácio, no interior de São Paulo.
Segundo relatos de moradores da região — gente que conhece cada curva desse caminho —, o bicho tentou atravessar a pista, como tantos outros já fizeram. Dessa vez, porém, o destino foi cruel. "É uma cena que dói na alma", confessou um vizinho, que preferiu não se identificar. "A gente sabe que esses animais vivem aqui, mas parece que ninguém respeita."
O cenário: uma estrada que divide opiniões
A tal estrada, que serpenteia entre árvores centenárias, é alvo de discussões há anos. De um lado, moradores que dependem dela para chegar em casa. Do outro, ambientalistas que alertam: "É uma rota perigosa para a fauna". E os números — ou melhor, a falta deles — mostram que o problema pode ser maior do que se imagina. Quantos animais já morreram assim, sem registro, sem comoção?
O tamanduá-mirim, espécie comum na região mas não menos importante, virou símbolo de um descuido que se repete. "Era um macho, adulto, saudável", detalhou um biólogo que analisou o caso. "Perder um indivíduo assim afeta toda a cadeia."
E agora? O que muda?
Enquanto isso, na prefeitura, o assunto parece ter chegado com atraso. "Vamos avaliar medidas", disse um assessor, sem dar detalhes. Medidas? Talvez placas de sinalização. Ou redução de velocidade. Ou — quem sabe? — fiscalização. Coisas básicas, mas que, na prática, esbarram na velha história: falta de verba, de vontade, de prioridade.
Enquanto as soluções não vêm, o chão da estrada guarda marcas do que aconteceu. E a pergunta fica: até quando?