
Não é todo dia que a gente vê uma cena dessas: setenta bichos da fauna brasileira, alguns quase irreconhecíveis de tão debilitados, ganhando uma segunda chance. Foi o que rolou essa semana numa operação de tirar o fôlego em Cocal da Estação, interior do Piauí.
Parece filme, mas é vida real — agentes ambientais, com aquela determinação que só quem tá acostumado a lidar com o inesperado tem, invadiram propriedades rurais depois de denúncias anônimas. E olha só o que encontraram: de papagaios com penas arrancadas a jabutis escondidos em caixas de sapato, uma cena pra ninguém botar defeito na crueldade.
O que rolou na operação?
Segundo me contaram fontes que preferiram não se identificar (e quem pode culpá-las?), a coisa foi tensa desde o início. Os animais — alguns raros, outros nem tanto — estavam espalhados por vários pontos do município. Uns em gaiolas minúsculas, outros soltos, mas sem condições de voltar pra natureza sozinhos.
- 23 aves de espécies variadas, incluindo aquelas que a gente só vê em documentário
- 15 répteis, entre cobras e lagartos que mereciam estar longe de colecionadores
- 32 mamíferos, desde nossos amigos saguis até bichos que você nem imaginava que existiam na região
E sabe o pior? Alguns desses bichos estavam lá há anos. Anos! Sem ver o sol direito, sem poder esticar as asas ou as patas como a natureza manda.
E agora, José?
Os resgatados — os animais, não os criminosos, esses a Justiça que se vire — foram levados pra um centro de reabilitação especializado. Lá, veterinários e biólogos tão fazendo um trabalho que, se fosse humano, chamariam de milagre.
"Tem caso que dói só de olhar", confessou uma das voluntárias, que pediu pra não ter o nome divulgado. "Mas a gente vai devagar, com paciência de mãe. Alguns vão conseguir voltar pra mata. Outros... bom, outros vão precisar de cuidados pro resto da vida."
Enquanto isso, os responsáveis? Ah, esses tão respondendo por crime ambiental — e torço pra que a lei faça seu trabalho direito dessa vez. Porque convenhamos: depois de uma operação dessas, fica difícil acreditar que alguém ainda acha que bicho silvestre é enfeite de casa.