Não é exagero dizer que o clima de apreensão tomou conta de vários bairros. O que antes era uma preocupação pontual, hoje virou rotina: trancar portas, conferir grades e, agora, instalar blindagens. Parece cenário de filme, mas é a realidade de quem vive sob a sombra da violência.
"A gente não aguenta mais", desabafa Maria, moradora de um condomínio no centro. Ela, que nunca pensou em gastar com isso, acabou de colocar janelas à prova de balas. "É caro, mas o sono tranquilo não tem preço."
Números que assustam
Só neste ano, as empresas de segurança registraram aumento de 40% na procura por blindagem residencial. E não são só os ricos que estão investindo — a classe média também entrou na onda. "Antes era luxo, hoje é necessidade", comenta um vendedor experiente do ramo.
- Preços variam de R$ 3 mil a R$ 20 mil, dependendo do tamanho do imóvel
- Material mais usado: aço temperado combinado com policarbonato
- Tempo médio de instalação: de 2 a 5 dias úteis
Curioso notar que, enquanto alguns veem proteção, outros enxergam isolamento. "Estamos nos trancando em caixas-fortes?", questiona o sociólogo Carlos Mendes. Ele alerta para o risco de criar "guetos de segurança" que podem aprofundar divisões sociais.
Efeito dominó na construção civil
O boom da blindagem está mudando até a maneira como as casas são construídas. Arquitetos relatam aumento de 25% em projetos que já incluem reforços de segurança desde a planta. "Antes pensávamos em estética, hoje pensamos em sobrevivência", brinca (sem graça) a arquiteta Renata Torres.
E não para por aí. Seguradoras começam a oferecer descontos para imóveis blindados — algo impensável há cinco anos. "Reduz em até 30% o risco de roubo", justifica um corretor.
Enquanto isso, nas ruas, a discussão continua: será que estamos resolvendo o problema ou apenas nos escondendo dele? Uma coisa é certa — a indústria da segurança nunca faturou tanto.
