
A noite de quinta-feira, 12 de setembro, deveria ser como qualquer outra para aquele adolescente de 17 anos. Mas o destino - ou melhor, a violência desmedida que assola nossas cidades - tinha outros planos. Tudo aconteceu por volta das 22h30, na Rua Professor João de Deus, no bairro do Cristo Redentor. O jovem acabara de sair de uma lanchonete, distraído com o celular, quando dois indivíduos se aproximaram como sombras.
Não deu tempo de reagir. Nem de pensar. Os assaltantes, armados e com rostos cobertos, exigiram seu aparelho. Na sequência, veio o disparo. A queima-roupa. Um tiro no braço direito que poderia ter atingido órgãos vitais - e que, de certa forma, atingiu. A alma da comunidade.
O que se seguiu foi caos puro: gritos, correria, o som abafado de passos fugindo na escuridão. O adolescente, em pânico e sangrando, ainda conseguiu pedir ajuda. Vizinhos, acordados pelo estampido, chamaram a Polí Militar e o SAMU. Ele foi levado às pressas para o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes. Estável, mas assustado. Marcado.
Não é apenas mais um caso
Às vezes me pergunto: quantos mais? Quantos jovens precisam ser alvejados antes que a sociedade acorde de verdade? Este não é apenas mais um número nas estatísticas mensais da Secretaria de Segurança Pública. É um filho, um estudante, um adolescente que poderia ser o nosso.
Testemunhas relataram à polícia que os criminosos fugiram a pé, desaparecendo entre as ruas escuras e becos do bairro. Ninguém conseguiu identificar placas ou veículos - o que, convenhamos, não é exatamente surpreendente num assalto rápido e violento como esse.
O sentimento de insegurança que fica
Enquanto isso, moradores da região estão apreensivos. E com razão. "A gente já não sabe mais a que horas pode sair de casa", desabafa uma vizinha que preferiu não se identificar. Medo de represálias, claro. Quem pode culpá-la?
A Delegacia de Crimes contra o Patrimônio assumiu o caso e investiga imagens de câmeras de segurança da região. Mas a pergunta que fica é: até quando viveremos reféns dessa onda de violência que parece só aumentar?
O adolescente passa bem, fisicamente. Psicologicamente? Bem, essa é outra história - uma que muitas autoridades parecem ignorar. Enquanto isso, João Pessoa mais uma vez chora sua juventude ferida.