
Ela respirava aliviada, mas com um nó na garganta. Depois de anos sofrendo calada, aquele tinha sido o último ato de desespero. Uma história que, infelizmente, se repete em tantos lares brasileiros — mas que, desta vez, teve um desfecho diferente.
Em Boa Vista, capital de Roraima, uma mulher de 42 anos — cujo nome foi preservado — finalmente conseguiu escapar do pesadelo. Após matar o próprio marido durante mais uma briga, a justiça entendeu: foi legítima defesa.
"A gota d'água"
Não foi do nada. Segundo relatos, o casal já tinha histórico de brigas violentas — sempre com ela no papel de vítima. Naquela noite, tudo piorou. Ele chegou bêbado, como de costume, e a agressão começou. Desta vez, porém, a ameaça foi mortal.
"Ele disse que ia me matar. Pegou uma faca. Eu... eu reagi", contou ela, ainda tremendo, aos investigadores. O delegado responsável pelo caso não teve dúvidas: "Está claro que ela agiu para preservar a própria vida".
O peso da decisão
Liberada, mas não livre. A mulher agora enfrenta outro tipo de batalha — contra a culpa, o trauma, os olhares da vizinhança. "Ninguém escolhe passar por isso", desabafou uma amiga próxima. "Ela só queria sobreviver."
O caso reacende o debate sobre violência doméstica no Brasil. Quantas ainda sofrem caladas? Quantas não têm sequer a chance de se defender?
Enquanto isso, em Roraima, uma vida recomeça — entre lágrimas e esperança. Afinal, como diz o ditado: "Até o mais fraco dos animais reage quando encurralado".