
Imagine estar em perigo, com o agressor ao lado, e precisar de ajuda sem que ele desconfie. Parece cena de filme, mas é realidade para muitas mulheres no Brasil. A Polícia Militar (PM) criou um método engenhoso — e discreto — para salvar vidas.
O toque que fala mais que palavras
Não é magia, é estratégia pura. Quando a vítima liga para o 190 e fica em silêncio, ou faz perguntas como "Posso pedir uma pizza?", os operadores já sabem: código vermelho. A PM age rápido, rastreia a chamada e chega no local sem alertar o agressor. Genial, não?
"Já salvamos mais de 50 mulheres só este mês", conta um sargento que prefere não se identificar. Ele revela que os criminosos nem imaginam que a "encomenda de comida" era, na verdade, um pedido de socorro.
Como identificar uma ligação de emergência disfarçada?
- Silêncio prolongado após discar
- Perguntas aparentemente sem sentido ("Que horas vocês fecham?")
- Voz baixa e tremula
- Ruídos de discussão ao fundo
E o melhor? A PM treinou todos os operadores para reconhecer esses sinais — muitos deles quase imperceptíveis. "Às vezes é só um suspiro diferente", explica uma atendente com 12 anos de experiência.
O perigo mora em casa
Os números assustam: a cada 7 minutos, uma mulher sofre violência no Brasil. Mas graças a essas táticas, muitas conseguiram escapar a tempo. Uma vítima, que chamaremos de Ana, contou como a "ligação para o delivery" salvou sua vida: "Ele estava com uma faca. Se não fosse aquela pizza que nunca chegou..."
Psicólogos alertam: a pandemia piorou a situação. Com o isolamento, as agressões aumentaram 40% em alguns estados. E pior — ficaram mais violentas. "É como se os agressores sentissem que têm carta branca", desabafa uma assistente social.
E se o agressor perceber?
Aí entra outro truque da PM. Quando desconfiam que a vítima corre risco imediato, enviam uma viatura como se fosse para "verificar um distúrbio na área". Nada de sirenes, nada de alarde. Discretos como gatos em telhado de zinco quente.
Mas atenção: essa artimanha não substitui a denúncia formal. Serve como ponte para a vítima conseguir registrar ocorrência depois. Porque no fim das contas, o que importa mesmo é quebrar o ciclo da violência — uma "pizza" de cada vez.