
Um daqueles casos que parece saído de um pesadelo, mas infelizmente é realidade pura. A Polícia Civil do Paraná, mais especificamente em Maringá, acabou de formalizar o indiciamento de um homem por um crime que choca pela brutalidade e, principalmente, pela duração. São nada menos que 22 anos de abuso sexual continuado contra a própria enteada.
Imagina só a cena: a vítima era apenas uma criança, com seus míseros 10 anos de idade, quando o pesadelo começou. E não parou mais. O sujeito, aproveitando-se da convivência familiar e da autoridade que supostamente deveria proteger, transformou a vida da menina num inferno que se estendeu até ela chegar aos 32 anos. Uma vida inteira, basicamente.
As Consequências Mais Duras
E o que é ainda mais revoltante – se é que isso é possível – são os frutos amargos dessa violência toda. Dessa relação criminosa, nasceram quatro crianças. Quatro seres humanos que carregam, em sua própria origem, a marca de um crime horrível. A polícia está agora naquela fase delicadíssima de tentar apurar a paternidade, com exames de DNA já solicitados para confirmar o que todos desconfiam.
O delegado Fabrício Nunes, que está à frente das investigações, não usou meias-palavras. Disse que se trata de um "crime hediondo" e que a investigação apontou um "padrão de violência doméstica". E olha, quando um delegado experiente fala em "padrão", é porque a coisa é bem sistemática mesmo. O sujeito não agiu por impulso uma ou duas vezes. Manteve um regime de terror por mais de duas décadas.
Como o Crime Veio à Tona
A pergunta que fica é: como um segredo desses se manteve por tanto tempo? A verdade só veio à tona depois que a coragem falou mais alto. A vítima, depois de adulta, conseguiu romper o silêncio e procurar a Delegacia da Mulher de Maringá. Foi o seu depoimento, cheio de detalhes sobre os abusos que sofreu durante a infância e a vida adulta, que colocou a máquina da justiça em movimento.
O inquérito policial, denso e perturbador, foi concluído e encaminhado para a Vara do Tribunal do Júri da comarca. Agora, a bola está com o Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR), que vai analisar todas as peças e formalizar a denúncia contra o acusado. Ele vai responder por estupro de vulnerável – e olha que a pena para isso é pesada, podendo chegar a 15 anos de cadeia.
É um daqueles casos que nos fazem pensar na quantidade de sofrimento que pode estar escondido atrás das portas de casas aparentemente normais. E na importância vital de canais de denúncia e de uma rede de apoio que funcione. A coragem de uma mulher em quebrar o silêncio após 22 anos pode, finalmente, trazer um pouco de justiça.