Defensoria Pública entra na Justiça para exigir delegacia da mulher em Petrópolis
Defensoria cobra delegacia da mulher em Petrópolis

Não é de hoje que as mulheres da Região Serrana enfrentam dificuldades para registrar ocorrências de violência doméstica. A situação, que já era crítica, piorou depois daquela enxurrada de 2022 — mas parece que ninguém lá em cima se tocou. A Defensoria Pública, cansada de esperar, resolveu botar a boca no trombone e foi pra cima.

Nesta segunda-feira (4), o órgão entrou com uma ação na Justiça para obrigar o estado do Rio a criar uma delegacia especializada no atendimento às mulheres em Petrópolis. E não é qualquer pedido: tem data marcada pra sair do papel — até 8 de março de 2026, Dia Internacional da Mulher.

O que tá pegando?

Quem mora na cidade sabe: fazer um BO por violência doméstica na delegacia comum é tipo enxugar gelo. As vítimas — muitas já fragilizadas — ainda têm que enfrentar filas intermináveis, despreparo dos agentes e, pasmem, até desconfiança. "Já ouvi relatos de mulheres que foram questionadas se 'provocaram' o agressor", revela uma assistente social que prefere não se identificar.

Os números assustam:

  • Petrópolis registrou 1.200 casos de violência contra a mulher só em 2024
  • 62% das vítimas desistem de denunciar por falta de estrutura
  • O município é o 3° no ranking estadual de feminicídios

E o estado?

Ah, o governo estadual... Prometeu, jurou de pé junto que ia resolver, mas até agora nada. A Defensoria já tinha feito um ofício em 2023 — que foi respondido com aquela velha desculpa de "verba curta". Agora, partiu pra via judicial mesmo. "A gente não pode mais aceitar que a segurança das mulheres seja tratada como moeda de troca política", dispara a defensora responsável pela ação.

Curiosamente, a região tem delegacias especializadas em outras áreas — até de defesa animal tem. Mas pra mulher? "Parece que ainda vivemos nos anos 50", comenta uma moradora enquanto espera o ônibus na Rua Teresa.

Enquanto a Justiça não se pronuncia, as mulheres de Petrópolis seguem fazendo malabarismos entre trabalho, filhos e a luta diária por sobreviver num sistema que parece fazer vista grossa. Será que dessa vez a pressão vai surtir efeito? Torcemos para que sim — mas sem segurar muito o fôlego.