Vizinho encontra bilhetes de socorro em cativeiro no Paraná: 'Pensei que era lixo'
Bilhetes de socorro revelam cárcere privado no Paraná

Numa tarde como qualquer outra, um morador de Curitiba se deparou com algo que mudaria completamente seu dia — e, principalmente, o de uma desconhecida. Pedaços de papel amassados no chão, que à primeira vista pareciam restos de embalagens, escondiam um grito de socorro.

"Achei que era lixo, sabe como é? Vento levando papelzinho pelo quintal", contou o homem, que prefere não se identificar. Mas algo chamou sua atenção: os papéis estavam demasiadamente dobrados, como se alguém tivesse tentado fazer aviõezinhos. Quando desenrolou um, veio o choque: "ME AJUDE" e um número de telefone rabiscado às pressas.

A descoberta

Não era um, nem dois — eram sete bilhetes no total, cada um mais desesperado que o outro. Alguns tinham até desenhos indicando a casa de onde foram jogados, uma construção simples num bairro residencial da capital paranaense.

O vizinho, entre a dúvida e o medo, não pensou duas vezes: chamou a polícia. E não é que a história se confirmou? Os PMs chegaram encontrando uma cena digna de filme: uma mulher de 35 anos trancada há quase um mês pelo próprio marido.

O resgate

Segundo os agentes, o local parecia normal por fora — cortinas fechadas, silêncio. Mas por dentro... "Parecia um cenário de terror psicológico", descreveu um dos policiais. A vítima, visivelmente abalada, contou que tentou de tudo para chamar atenção: batia nas paredes, gritava quando ouvia passos na rua (o que era raro, dada a localização da casa).

Os bilhetes? Último recurso. "Ela escrevia quando ele saía pra trabalhar", explicou o delegado responsável. Usava até pedaços de embalagem de comida, já que o agressor controlava até o papel higiênico.

Curiosamente, o marido — agora preso — trabalhava como... segurança. A ironia não passou despercebida pelos investigadores.

E agora?

A mulher foi encaminhada para atendimento especializado. Já o vizinho herói? "Não fiz mais que minha obrigação", disse, modesto. Mas admitiu: "Dormi mal essa noite, pensando no que poderia ter acontecido se eu tivesse varrido aqueles papéis sem olhar".

O caso reacendeu o debate sobre violência doméstica na região. Só neste ano, o Paraná registrou mais de 15 mil ocorrências desse tipo — muitas delas, pasme, começando com "isolamento social" imposto pelo parceiro.