
Os números são de assustar qualquer um. Só nos últimos três meses, o estado do Rio de Janeiro registrou nada menos que 290 casos de crime sexual virtual. Isso mesmo, quase trezentas vidas afetadas por uma violência que não deixa marcas físicas, mas cicatrizes profundas na alma.
E o que mais corta o coração nessa história toda? Que 15% dessas vítimas são crianças e adolescentes. Gente que mal começou a viver e já precisa lidar com traumas que ninguém deveria carregar.
Uma realidade que dói
Pensa bem: de junho a agosto deste ano, a cada dia, mais de três pessoas caíam nas teias desse crime covarde. A delegada Juliana Guedes, que comanda a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, não esconde a preocupação.
"É assustador", ela diz, com a voz carregada da experiência de quem vê o pior da humanidade todos os dias. "E o pior é que muitos casos nem chegam a ser denunciados. As vítimas sentem vergonha, medo, acham que a culpa é delas."
Quem são os alvos?
Os criminosos virtuais não escolhem vítima. Mulheres adultas aparecem como o grupo mais atingido, mas a situação das crianças e adolescentes é particularmente dolorosa. São garotos e garotas que cresceram com um celular na mão, mas sem a proteção necessária para navegar nos perigos que espreitam atrás da tela.
E olha que o problema não é exclusividade da capital. Os casos se espalham pelo estado inteiro, mostrando que essa epidemia digital não respeita fronteiras geográficas.
Como esses crimes acontecem?
Os métodos são variados - e cada um mais repugnante que o outro:
- Vaza-mento de imagens íntimas sem consentimento (o famoso "revenge porn")
- Chantagem emocional usando fotos ou vídeos pessoais
- Assédio persistente através de mensagens obscenas
- Criação de perfis falsos para aplicar golpes emocionais
O que todos têm em comum? A violação da intimidade e a sensação de impotência que deixam na vítima.
E aí, o que fazer?
A delegada Guedes é clara: "Não delete nenhuma prova. Prints, conversas, tudo pode ser crucial para identificarmos o agressor". Ela reforça que a vítima nunca, em nenhuma circunstância, é culpada pelo que aconteceu.
Os canais de denúncia existem e estão funcionando. Disque 100 para casos envolvendo menores, ou 180 para violência contra mulheres. Para emergências, o 190 segue sendo a opção mais rápida.
Enquanto isso, a sociedade precisa acordar para essa realidade. Porque no mundo digital de hoje, a violência não espera na esquina - ela entra direto pela tela do seu celular.