
Era pra ser um dia comum. Caderno, uniforme, aula de matemática. Mas virou pesadelo. Na Bahia, um adolescente negro — vamos chamá-lo de Lucas, porque seu nome real ainda não foi divulgado — apanhou de colegas dentro da escola. Não foi briga de criança. Foi ódio racial escancarado, daqueles que deixam marcas mais profundas que o roxo no braço.
Segundo relatos, os agressores usaram palavrões e xingamentos de cunho racista antes das agressões físicas. "Macaco", "noia" — como se fossem donos do pátio, como se tivessem o direito de cuspir esse veneno. E sabe o pior? Tudo aconteceu em frente a outros alunos. Alguns riram. Outros filmaram. Quase ninguém interveio.
Vídeo viral e revolta nas redes
O caso veio à tona depois que um vídeo — desses que a gente não deveria precisar ver em 2024 — começou a circular no WhatsApp. Nele, dá pra ouvir os insultos e ver o momento em que Lucas é empurrado contra a parede. A cena é rápida, mas suficiente pra dar nó no estômago.
Nas redes sociais, a comoção foi imediata. "Isso não é brincadeira, é crime!", escreveu uma professora local. Outros lembraram casos similares que, infelizmente, parecem se repetir como um disco riscado em escolas por todo o país.
O que diz a escola?
Procurada, a direção da instituição — que prefere não ser identificada — afirmou que "tomou as providências cabíveis". Mas o que isso significa, exatamente? Suspensão dos envolvidos? Abertura de processo disciplinar? Conversa com as famílias? Detalhes… esses ficaram nebulosos.
Já a Secretaria de Educação do Estado garantiu que o caso está sendo apurado e que "não tolera qualquer forma de discriminação". Frase necessária, mas que soa vazia quando a gente lembra que, só no primeiro semestre deste ano, 18 denúncias de racismo em escolas baianas chegaram ao Ministério Público.
E agora, Lucas?
O adolescente está abalado — e quem não ficaria? A família dele busca apoio psicológico e jurídico. Enquanto isso, especialistas alertam: casos assim não são "coisa de criança". São sintomas de um racismo estrutural que a gente insiste em não enxergar.
Fica a pergunta: quantos Lucases precisam sofrer na pele — literalmente — antes que a gente pare de tratar racismo como "mimimi" e passe a encarar como o problema grave que é?