
Imaginem a cena: um adolescente de treze anos, frágil como qualquer um nessa idade, sendo apontado como ladrão por ninguém menos que sua própria professora. Isso mesmo. E não foi num cantinho discreto, não – foi na frente de todo mundo, com uma carga de humilhação que deixou marcas profundas.
Aconteceu em Praia Grande, litoral de São Paulo, numa escola estadual que deveria ser um porto seguro. Mas virou palco de um constrangimento brutal. A educadora – alguém que deveria proteger – teria não só acusado o garoto de furtar uma pulseira, como ainda o encheu de impropérios. "Ladrão", "vagabundo". Palavras pesadas, cortantes, ditas com uma convicção que assusta.
A mãe do menino, é claro, ficou arrasada. Quando o filho chegou em casa, estava diferente. Cabisbaixo, calado, o olhar perdido. Ela precisou fazer uma verdadeira força-tarefa para arrancar dele o que havia acontecido. E quando soube, foi um misto de fúria e desespero. Como alguém encarregado de educar pode simplesmente destruir a autoestima de um aluno assim, sem provas, sem pudor?
Ela não pensou duas vezes: foi direto à delegacia fazer um boletim de ocorrência. Afinal, ofensas e acusações falsas não são brincadeira – são crimes. A queixa foi registrada sob o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que trata exatamente de expor alguém menor de 18 anos a situações de humilhação. A Secretaria de Educação do Estado já foi comunicada e prometeu apurar o caso. Mas, convenhamos, promessa a gente já está cansado de ouvir.
O pior de tudo? A tal pulseira que teria sumido… apareceu. Sim, estava perdida pela sala, esquecida em algum lugar. Nada havia sido roubado. A professora errou feio, julgou antes da hora e estragou o dia – quem sabe até mais – de um adolescente que merecia respeito.
Esse tipo de situação joga uma luz assustadora sobre como a autoridade dentro da sala de aula pode ser distorcida. Em vez de educar, alguns preferem oprimir. Em vez de orientar, humilham. E no final, quem paga o pato é sempre o mais vulnerável: o aluno.
Agora é torcer – e cobrar – para que a apuração seja séria. Para que a professora responsável seja devidamente responsabilizada. E, principalmente, para que o menino e sua família possam, de alguma forma, superar esse trauma. Porque escola devia ser sinônimo de aprendizado e acolhimento, não de medo e vergonha.