Médico é acusado de homicídio após batida fatal com motociclista na BR-116, no RS
Médico denunciado por homicídio após acidente na BR-116

A rotina da BR-116, uma daquelas estradas que já viram de tudo, foi interrompida por mais uma tragédia no último dia 20 de setembro. E o que parecia ser apenas mais um registro nos boletins de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal ganhou um capítulo mais severo nesta sexta-feira (27).

Um médico, de 62 anos, agora responde a uma denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul. A acusação? Homicídio culposo no trânsito. Tudo porque, segundo a investigação, ele invadiu a faixa de um motociclista enquanto tentava uma ultrapassagem. O resultado foi fatal para o homem de 37 anos que pilotava a moto.

A cena do acidente, em Charqueadas, foi daquelas que ficam na memória de quem trabalha com socorro. O choque entre o carro e a moto não deu chance. O motociclista, infelizmente, não resistiu. E o médico, que segundo testemunhas tentou prestar os primeiros socorros, se vê agora no centro de um processo judicial.

O que a investigação da PRF apontou?

O relatório dos policiais rodoviários federais é claro – e bastante duro. Eles concluíram que o condutor do carro, o médico, cometeu uma infração gravíssima ao fazer uma conversão ou ultrapassagem de forma indevida, cortando o caminho do motociclista. Uma manobra que, na prática, significa ter tomado uma atitude que colocou a vida de outra pessoa em risco direto e imediato.

Não foi um 'acidente' no sentido mais passivo da palavra. Foi uma consequência de uma escolha ao volante. Essa, pelo menos, é a tese que o MP abraçou para formalizar a denúncia.

E agora, o que acontece?

Com a denúncia aceita pela Justiça – o que já aconteceu –, o caso deixa de ser apenas um inquérito policial e vira uma ação penal. O médico será formalmente citado para se defender em juízo. Homicídio culposo no trânsito, vale lembrar, é quando não há intenção de matar, mas a morte ocorre por imprudência, negligência ou imperícia. A pena pode chegar a quatro anos de detenção, mas é comum que, em caso de primariedade e acordo, haja a substituição por penas alternativas.

Mas, cá entre nós, a questão vai além da pena. É sobre a responsabilidade de cada um quando assume o controle de um veículo. Um lembrete mórbido, e tantas vezes repetido, de que uma decisão de segundos pode mudar – ou acabar – vidas para sempre.

O caso segue sob os cuidados da 1ª Vara Criminal de Charqueadas. Aguardemos os próximos capítulos.