Tornozeleiras eletrônicas explodem no Brasil: aumento de 20 vezes em 8 anos revela crise no sistema
Uso de tornozeleiras eletrônicas dispara 20 vezes no Brasil

Parece que o Brasil encontrou uma nova obsessão — e não, não é o último hit do funk ou a moda do momento. São aqueles discretos (mas não tanto) acessórios de tornozelo que viraram febre no sistema de justiça. Só que aqui não tem glamour: o uso de tornozeleiras eletrônicas deu um salto absurdo, multiplicando-se por 20 nos últimos oito anos.

Os números são de deixar qualquer um de queixo caído. Em 2017, eram meros 3.800 dispositivos em ação pelo país. Hoje? Quase 80 mil — o suficiente para lotar um estádio de futebol. E olha que não estamos falando de torcedores animados, e sim de pessoas sob vigilância 24/7.

O que explica essa explosão?

Especialistas apontam três fatores que se misturam como ingredientes de uma receita problemática:

  • Encolhimento das prisões: Com cadeias superlotadas (e isso é eufemismo), a tornozeleira virou a "válvula de escape" do sistema
  • Custo-benefício: Manter alguém monitorado eletronicamente sai até 10 vezes mais barato que na cadeia — o bolso agradece, mas e a segurança?
  • Pandemia: Naquele auge do COVID, soltaram geral com a desculpa de evitar aglomerações carcerárias. Só que muitos esqueceram de voltar...

Não é como se o dispositivo fosse novidade — a primeira tornozeleira do Brasil apareceu lá em 2002, em São Paulo. Mas de uns anos pra cá, virou a solução padrão-ouro para tudo: de crimes leves a... bem, nem tão leves assim.

E funciona mesmo?

Aí começa o debate acalorado. Enquanto o governo jura de pés juntos que é eficiente (e econômico), quem trabalha na ponta conta outra história:

"Tem gente que trata a tornozeleira como enfeite", dispara um agente penitenciário que preferiu não se identificar. "Já vi caso do cara com o negócio no pé indo assaltar padaria. Parece piada, mas é a pura verdade."

E os números dão razão ao ceticismo: só no ano passado, mais de 5.000 dispositivos foram violados ou simplesmente... desapareceram. Alguns achados em rios, outros desativados com golpes de facão (sim, criatividade não falta).

O outro lado da moeda

Não dá pra negar — para alguns, a tornozeleira foi literalmente uma tábua de salvação. Imagine mães que poderiam ficar longe dos filhos pequenos, ou trabalhadores que mantiveram o emprego graças ao monitoramento. É aquele velho dilema: até que ponto a tecnologia ajuda, e quando vira apenas um remendo num sistema falido?

Enquanto isso, o mercado de monitoramento eletrônico segue aquecido — empresas do ramo faturam milhões com contratos públicos. Alguém duvida que vamos bater recorde de novo no próximo levantamento?