
O silêncio na casa da Rua das Palmeiras, em Tefé, é ensurdecedor. Há duas semanas, os brinquedos espalhados no quintal esperam por donos que não voltam — assim como o café frio na mesa da cozinha, onde Maria* costumava rir com os filhos antes do alvorecer. Agora, só restam perguntas sem resposta.
O sumiço que virou pesadelo
Naquela terça-feira, 9 de julho, tudo parecia normal. Maria, 32 anos, saiu para levar as crianças — Lucas, 8, e Sofia, 5 — à escola. Rotina. Até que o celular dela desligou por volta das 9h15, e o mundo da família desmoronou.
"Ela não era de sumir. Nem uma hora atrasada sem avisar", diz João*, marido e pai, com as mãos tremendo ao segurar a última foto da família. O relógio da delegacia local parece andar mais devagar que o desespero dele.
Buscas e suspeitas
Os agentes reviraram o trajeto habitual. Nada. Testemunhas? Um mototaxista jurou ter visto um carro branco parando perto deles. Outro fala em discussão perto do mercado. Peças soltas de um quebra-cabeça macabro.
- Último registro: câmera de segurança mostra Maria entrando em uma loja às 8h47
- Celular rastreado até o bairro São Francisco — depois, sinal sumiu
- Nenhum movimento incomum nas contas bancárias
"Isso aqui tá cheirando a crime. E eu não vou descansar enquanto não achar minha família", dispara João, mostrando a pilha de cartazes com os rostos dos desaparecidos que já cobrem a cidade.
Comunidade em choque
Tefé, normalmente pacata, virou um vulcão de rumores. Nas redes sociais, teorias absurdas — de abdução a vingança — competem com a solidariedade. Vizinhos organizam buscas voluntárias nos igarapés próximos.
"Essa mãe era querida. Trabalhava no posto de saúde e sempre ajudava a todos", conta Dona Raimunda, 67 anos, enquanto distribui panfletos na feira. Até as crianças da escola dos pequenos fazem desenhos com "voltem logo".
*Nomes alterados a pedido da família por medo de represálias