Justiça obriga Detran-MT a pagar indenização milionária à família de gerente assassinado no trabalho
Detran-MT condenado por morte de gerente no trabalho

Numa decisão que acendeu debates sobre segurança no serviço público, o Detran de Mato Grosso levou uma rasteira da Justiça. O tribunal estadual escancarou as falhas gritantes que permitiram um crime chocante: o assassinato de um gerente dentro do próprio local de trabalho.

O caso — que remonta a 2023 — ainda deixa um rastro de perguntas sem resposta. Como um funcionário público poderia ser executado a sangue frio no meio do expediente? As câmeras de segurança estavam desligadas ou simplesmente não existiam? A família, é claro, não engoliu essa história.

O preço de uma vida

R$ 1,5 milhão. Essa foi a cifra que o juiz considerou justa para compensar (se é que existe compensação) a perda irreparável. Os danos morais foram calculados não só pela morte violenta, mas pela negligência escancarada do órgão.

"Quando você assume um cargo público, assume também a responsabilidade pela vida dos seus funcionários", disparou o desembargador, num tom que misturava indignação e cansaço. A sentença saiu depois de dois anos de batalha judicial — tempo demais para quem perdeu um pai, um marido.

Falhas que custam caro

O laudo pericial mostrou um cenário de terror:

  • Sistema de vigilância precário — quando existia
  • Portas sem controle de acesso
  • Funcionários sem treinamento para emergências

Pior: testemunhas relataram que o assassino circulou tranquilamente pelo prédio antes do crime. Alguém deveria ter notado. Alguém deveria ter agido.

O Detran tentou se defender alegando "imprevisibilidade do ato". O juiz não comprou — e ainda deu uma bronca memorável: "Imprevisível é o tempo. Crime é negligência vestida de descaso".

O que muda agora?

Além da indenização (que deve sair do bolso dos contribuintes, claro), o órgão terá que:

  1. Reformar todo o sistema de segurança
  2. Capacitar funcionários
  3. Apresentar relatórios mensais à Justiça

A família — que preferiu não dar entrevistas — finalmente terá algum alívio após anos de luta. Mas, como bem lembrou o advogado deles: "Dinheiro fecha contas, mas não fecha feridas".

Enquanto isso, em Cuiabá, servidores públicos olham para os cantos escuros dos corredores com um frio na espinha. Até quando a segurança vai ficar em último plano?