Jovem relata ataques racistas em BH: 'O problema dela é com minha cor, não comigo'
Jovem denuncia ataques racistas em Belo Horizonte

Não foi uma cena de filme, nem meme da internet. Foi na vida real, no meio da rua, que uma jovem negra ouviu o que nenhum ser humano deveria escutar. Aconteceu em Belo Horizonte, numa dessas tardes cinzentas que parecem normais até virar pesadelo.

"Você não merece estar aqui", "Volta pra senzala". As frases — duras como pedrada — vieram de uma mulher que, pasme, nem conhecia a vítima. "Ela não me xingou por algo que eu fiz", conta a jovem, ainda tremendo de indignação. "O problema dela é com minha cor, não com minha pessoa."

O dia que não acabou no grito

Tinha gente olhando. Alguns fingindo não ver, outros claramente incomodados. Mas ninguém fez nada. Até que a jovem resolveu filmar — e aí a agressora mudou o tom. Virou aquela velha história: quem bate esquece, quem apanha lembra.

O vídeo, é claro, explodiu. Nas redes, a comoção foi imediata:

  • "Isso em pleno 2024? Parece piada de mau gosto"
  • "Até quando vamos normalizar ódio disfarçado de opinião?"
  • "Cadê o tal 'racismo reverso' agora?"

Especialistas ouvidos pelo R7 lembram: racismo é crime inafiançável. Pode render até 5 anos de cadeia. Mas a verdade é que poucos casos chegam a virar processo — e menos ainda terminam em condenação.

Depois da tempestade

A vítima, que prefere não se identificar, já registrou boletim de ocorrência. "Não quero revanche", diz ela, surpreendentemente serena. "Quero que sirva de exemplo."

Enquanto isso, nas ruas de BH, o assunto não sai da boca do povo. Num país que se diz miscigenado, histórias como essa mostram que o passado colonial ainda assombra — e como. A pergunta que fica: quantos casos assim acontecem e nem viram notícia?