
O que deveria ser uma noite de descontração entre amigos se transformou num pesadelo digno de filme de terror. Tudo começou com uma garrafa de gin — aquela mesma que prometia momentos leves, mas escondia um veneno mortal.
Na última sexta-feira, um grupo de jovens comprou a bebida numa adega comum da Vila Matilde, Zona Leste da capital paulista. Ninguém desconfiou, é claro. Como poderiam imaginar que aquele líquido transparente carregava metanol, uma substância que o corpo humano trata como álcool comum, mas que o fígado transforma em algo realmente sinistro?
Dois jovens lutam pela vida
A situação é grave, muito grave mesmo. Dois desses jovens — um de 20 e outro de 22 anos — continuam internados no Hospital Municipal Tide Setúbal. Seus corpos ainda tentam se livrar dos efeitos devastadores do metanol. Os médicos acompanham cada batimento cardíaco, cada respiração.
Os sintomas começaram de forma enganosa: dor de cabeça, tontura, aquela sensação estranha de que algo não estava certo. Mas rapidamente evoluiu para coisa séria. Náuseas violentas, visão turva — o tipo de coisa que faz qualquer um correr para o hospital.
A investigação avança
Enquanto isso, a Polícia Civil não perde tempo. O delegado Marcelo Farias, que comanda as investigações, me contou que já identificaram a tal adega. "Estamos reconstruindo toda a cadeia dessa bebida", disse ele, com aquela voz séria de quem já viu coisas parecidas antes.
O estabelecimento, que prefiro não nomear até que se prove algo concreto, já teve amostras recolhidas. A vigilância sanitária também entrou na dança — e quando esses dois se juntam, a coisa costuma ficar quente.
O pior de tudo? Isso não é caso isolado. O metanol anda circulando por aí, disfarçado de bebida legítima. E o consumidor comum — você, eu, qualquer um — não tem como distinguir só pelo olhar ou pelo gosto.
Como se proteger?
- Desconfie de preços absurdamente baixos — quando a esmola é muita, o santo desconfia
- Prefira estabelecimentos conhecidos e com boa reputação
- Observe a embalagem: selos de qualidade intactos, lacres bem fechados
- Se sentir algo estranho depois de beber — qualquer coisa diferente —, procure ajuda médica imediatamente
A verdade é que ninguém deveria precisar pensar nisso ao comprar uma bebida. Mas eis onde estamos: num mundo onde até o simples ato de relaxar com os amigos pode se tornar uma roleta russa.
Enquanto escrevo estas linhas, penso naquelas famílias nos corredores do hospital. Esperando. Torcendo. E na dona da adega, que deve estar se perguntando como tudo chegou a esse ponto.
A polícia promete respostas em breve. Até lá, muita gente na Zona Leste — e em toda São Paulo — vai pensar duas vezes antes de abrir uma garrafa qualquer.