
Não foi um dia qualquer na Câmara Municipal de São Paulo. A codeputada Erica Malunguinho, do mandato coletivo Pretas, viveu na pele o que muitos negros enfrentam diariamente - só que dessa vez, no coração do poder legislativo. Aconteceu na última terça (5), mas a ferida ainda arde.
Segundo relato da parlamentar, seguranças do local a abordaram de forma "desproporcional e humilhante" quando ela tentava acessar o plenário. "Parecia que eu era uma invasora no meu próprio local de trabalho", desabafa, com a voz ainda embargada pela indignação.
O episódio que virou debate
Detalhes do ocorrido:
- Os agentes exigiram documentos mesmo reconhecendo a vereadora
- Questionaram sua presença no local reservado a parlamentares
- Colegas brancos passaram pelo mesmo ponto sem qualquer abordagem
Não é de hoje que o movimento negro aponta o dedo para o racismo velado nas instituições. Mas quando isso acontece dentro da casa de leis, a ironia fica mais amarga que café requentado.
Reações e desdobramentos
A presidência da Câmara prometeu investigar o caso, mas já sabemos como essas histórias costumam terminar - muito barulho por nada, ou pior, o famoso "foi mal-entendido". Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #RacismoNaCamaraSP viralizou, mostrando que a sociedade está de olho.
"Isso não é sobre mim, é sobre quantas pessoas negras são barradas diariamente em espaços que são nossos por direito", reflete Malunguinho. E ela tem toda razão. Quantas vezes vimos situações assim sendo varridas para debaixo do tapete?
O caso escancara o que muitos teimam em não ver: o racismo não mora só nas ruas, mas também nos palácios do poder. E pior - muitas vezes está de uniforme e crachá.