Tornezeleira em Marcos do Val: Como um Acessório Virou Arma Política no Congresso
Tornozeleira de Marcos do Val vira arma política

Era pra ser apenas um dispositivo de monitoramento. Acabou virando um troféu político. A tornozeleira eletrônica no pé do deputado Marcos do Val (Podemos-ES) — sim, aquela mesma que geralmente associamos a detentos — está causando mais rebuliço no Planalto do que um vazamento de áudio em ano eleitoral.

Quem passa pelo corredor da Câmara nem nota o acessório discreto. Mas nos bastidores, a coisa é diferente. O artefato tecnológico virou uma espécie de insígnia da resistência bolsonarista. "É o novo símbolo da perseguição política", cochicham aliados, enquanto tomam café no Salão Verde.

O Caso que Virou Estratégia

Para quem não acompanhou o caso — e olha que não faltou barulho —, Marcos do Val foi acusado de tentar armar um complô contra o ministro Alexandre de Moraes. A versão? Que teria sido abordado por um suposto emissário do ex-presidente Bolsonaro para gravar o ministro sem autorização. O deputado nega, claro. Diz que foi vítima de uma armadilha política.

Resultado: tornozeleira e processo correndo. Mas o que era pra ser uma derrota tá virando munição política. Os bolsonaristas transformaram a situação numa narrativa de "perseguição judicial". E o deputado, coitado, virou quase um mártir moderno — com direito a homenagens e tudo.

Os Números que Importam

  • 89 votos: A bancada bolsonarista na Câmara que usa o caso como bandeira
  • 3 meses: Tempo médio que uma tornozeleira fica no tornozelo em casos como esse
  • 47%: Aumento nas menções a "perseguição política" nos discursos parlamentares desde o caso

Não é de hoje que a política brasileira transforma derrotas em narrativas vitoriosas. Lembra do impeachment? Pois é. Agora, o acessório prateado no pé do deputado virou o novo "Fora Temer" dos bolsonaristas — só que menos cantante e mais tecnológico.

O Jogo dos Bastidores

Enquanto isso, nos corredores do Congresso, o caso rende. Alguns deputados da situação até torcem o nariz, mas evitam falar abertamente. "É complicado criticar um colega usando tornozeleira", confessa um parlamentar governista, preferindo não se identificar. Já na oposição, o tom é de deboche. "Se fosse um petista, estariam pedindo cassação", soltou um deputado do PT, sem cerimônia.

O mais curioso? O próprio Marcos do Val parece ter abraçado o papel. Nas redes sociais, posta fotos com a legenda "monitorado, mas não silenciado". Nos plenários, faz questão de cruzar as pernas pra mostrar o dispositivo. E os apoiadores? Ah, esses adoram. Compartilham memes, fazem montagens e até criaram uma hashtag: #TornozeleiraDaResistência.

No fim, o que era pra ser uma medida de controle judicial virou peça de marketing político. E o Congresso? Bem, o Congresso segue sendo o Congresso — onde até um dispositivo de vigilância pode virar instrumento de campanha.