
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) por supostamente tentar despejar um teatro e uma organização não governamental (ONG) de um terreno localizado próximo ao muro que cerca o fluxo da Cracolândia, região central da capital paulista.
De acordo com as apurações, o inquérito foi aberto após denúncias de que a prefeitura estaria pressionando os ocupantes do local a deixarem o espaço sem a apresentação de um plano de reassentamento ou indenização adequada. A área em questão é considerada estratégica para políticas públicas de combate ao uso de drogas na região.
Contexto do caso
O terreno onde estão instalados o teatro e a ONG faz divisa com a área cercada pela prefeitura para controlar o fluxo de pessoas na Cracolândia. Ambos os espaços desenvolvem trabalhos sociais e culturais voltados para a população em situação de vulnerabilidade, incluindo usuários de drogas.
Segundo fontes próximas ao caso, a administração municipal alegou questões de segurança e ordenamento urbano para justificar a tentativa de remoção. No entanto, críticos afirmam que a ação pode estar relacionada a interesses imobiliários na região, que vem passando por um processo de valorização.
Posicionamento do MP-SP
O Ministério Público decidiu abrir o inquérito após receber representações de defensores de direitos humanos e moradores da região. O órgão vai apurar se houve abuso de poder e violação de direitos fundamentais na ação da prefeitura.
Entre os pontos investigados estão:
- Legalidade do processo de despejo
- Existência de diálogo com os afetados
- Possíveis violações ao direito à moradia e ao trabalho
- Interesses por trás da ação municipal
O MP-SP destacou que qualquer ação de reintegração de posse deve respeitar os trâmites legais e os direitos das partes envolvidas, especialmente quando se trata de entidades que prestam serviços à comunidade.
Reações e próximos passos
Representantes do teatro e da ONG afirmaram que não receberam qualquer notificação formal sobre o despejo e que se surpreenderam com a ação da prefeitura. Eles defendem a manutenção de seus trabalhos no local, que atendem centenas de pessoas semanalmente.
Enquanto isso, a prefeitura se limitou a dizer que 'todos os atos da administração municipal são pautados pela legalidade' e que 'vai colaborar com as investigações do MP-SP'.
O caso deve ganhar novos capítulos nas próximas semanas, com a possibilidade de audiências públicas e manifestações de movimentos sociais em defesa da permanência das instituições no local.