
O clima em Brasília está mais tenso que o habitual. E não é só por causa do calor. O presidente Lula soltou uma bomba política nesta quarta-feira que ecoou pelos corredores do Planalto e do Congresso. A mensagem? Clara e direta: qualquer projeto de anistia que chegar à sua mesa com o nome de Jair Bolsonaro será barrado sem dó.
Não foi um comentário de passagem, não. Foi uma declaração firme, dada durante uma coletiva de imprensa que parecia focada em outros assuntos. Mas é claro que a questão da anistia – um fantasma que ronda o Congresso – virou o centro das atenções.
O Cerne da Questão
Lula não mediu palavras. Acusou o antecessor de, nas suas próprias palavras, "cometer crimes contra a vida durante a pandemia". É uma referência direta às investigações da CPI da Covid, que apuraram uma série de irregularidades e possíveis crimes na gestão federal da crise sanitária. Para ele, anistiar isso seria o mesmo que "perdoar quem brincou com a morte dos outros".
O Congresso, por sua vez, navega em águas turbulentas. Existe sim um debate, ainda que incipiente, sobre a possibilidade de um projeto de anistia que beneficie Bolsonaro e aliados por supostos crimes comuns durante o mandato. A base governista, obviamente, treme diante dessa possibilidade. Já a oposição… bem, a oposição vê aí uma chance de ouro.
E Agora, José?
O que acontece se o Congresso, num rompante de ousadia, aprovar tal projeto? Lula foi taxativo: veto total. E aí começa outro cabo-de-guerra. Derrubar um veto presidencial não é moleza – exige um número considerável de votos no Legislativo. Será que a oposição tem essa força? A opinião pública compraria uma ideia dessas?
É um jogo de xadrez de alto risco. De um lado, um presidente disposto a travar essa batalha e usar o poder do veto como um trunfo máximo. Do outro, um ex-presidente cercado de processos e investigações que vão desde o uso de joias de luxo até a suspeita de golpe de Estado. A anistia, para Bolsonaro, não seria mera formalidade. Seria uma tábua de salvação.
O recado de Lula, no fim das contas, foi mais do que um aviso legal. Foi um sinal político potente para seus aliados e adversários. Mostrou que ele não vai recuar nesse ponto específico e que está pronto para o confronto. O ano promete, e muito.