
Eis que o senador Flávio Bolsonaro resolveu dar um pulo até a bela — e politamente conturbada — Itália. E não foi para saborear uma pizza margherita ou admirar o Coliseu. O destino? Um evento organizado pela ultradireita italiana, onde o tema do dia era, pasmem, comparar situações jurídicas que, francamente, parecem vindas de universos paralelos.
Num discurso que misturou retórica inflamada com uma pitada generosa de ousadia — ou seria precipício? —, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu traçar um paralelo entre o caso da deputada federal Carla Zambelli e a histórica extradição do ex-ativista Cesare Battisti. Sim, aquele mesmo que foi preso após décadas de fuga e controvérsia internacional.
Não contente em falar apenas para a plateia doméstica, Flávio escolheu um palco internacional para soltar a bomba retórica. Perante membros do Il Primato Nazionale, grupo alinhado às ideias de Matteo Salvini e Giorgia Meloni, o senador defendeu com unhas e dentes a tese de que Zambelli estaria sendo vítima de uma perseguição política semelhante à que, segundo ele, Battisti sofreu no passado.
— A história se repete, mas com personagens diferentes — afirmou, com a convicção de quem acredita piamente na narrativa.
O evento, diga-se de passagem, não foi nenhum comício de bairro. Realizado em Roma, reuniu figuras influentes da direita radical europeia — um cenário que, convenhamos, não é exatamente um terreno neutro para discussões jurídicas delicadas.
E enquanto Flávio discursava, aqui no Brasil a poeira não parava de levantar. Especialistas em direito internacional torcem o nariz para a comparação. Afinal, estamos falando de contextos completamente distintos: de um lado, um ex-militante de esquerda condenado por crimes na Itália nos anos 1970; do outro, uma parlamentar brasileira investigada por supostas ameaças com arma de fogo.
Mas parece que para o senador, detalhes jurídicos são meros obstáculos narrativos. A plateia italiana, claro, aplaudiu de pé. Já nas redes sociais brasileiras, a reação foi… bem, um pouco mais efervescente.
O que mais chama atenção — além da obvious escolha de palco — é o timing perfeito. Zambelli enfrenta processos judiciais sérios, e Battisti… bem, Battisti já virou quase uma lenda urbana dos tribunais internacionais.
Resta saber se a estratégia de internacionalizar o caso dará algum fruto jurídico real, ou se ficará restrita ao campo da performance política. Uma coisa é certa: o senador certamente não escolheu a Itália por acaso.
Como diriam por lá: «Mamma mia!» — mas desta vez, por motivos bem diferentes da culinária.