
Os números assustam — e não são de hoje. Enquanto o Brasil debate políticas públicas, São Paulo segue como epicentro de um crime que destrói vidas silenciosamente. Dados recentes revelam que o estado concentra nada menos que 16% de todos os casos de tráfico humano registrados no país.
Nessa guerra contra a exploração, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) decidiu agir localmente. A partir desta semana, Campinas recebe uma cartilha especial — um verdadeiro manual de sobrevivência para quem está na linha de frente.
O que diz o material?
Parece óbvio, mas não é. A cartilha vai muito além de definições jurídicas. Ela ensina, por exemplo:
- Como identificar vítimas em situações cotidianas (sim, elas podem estar ao seu lado no aeroporto)
- Padrões de comportamento de aliciadores — esses profissionais do mal que operam como vendedores de ilusões
- Os caminhos da denúncia que realmente funcionam
"É como ensinar a pescar em vez de dar o peixe", comenta um agente da ANAC que prefere não se identificar. "Queremos que porteiros, taxistas e até atendentes de lanchonete virem nossos aliados".
Por que Campinas?
Ah, essa é fácil. A cidade não é apenas um polo econômico — é um nó logístico perfeito para criminosos. Rodovias importantes, aeroporto movimentado e, pasmem, até universidades que atraem jovens vulneráveis.
"Tem gente que cai no conto do 'emprego dos sonhos' e acorda em situação análoga à escravidão", relata uma assistente social que atua na região. O pior? Muitas vítimas nem percebem que foram traficadas até ser tarde demais.
A iniciativa da ANAC chega em boa hora, mas especialistas alertam: "Isso é só a ponta do iceberg". Enquanto a demanda por mão de obra barata e exploração sexual existir, o problema vai persistir. A diferença é que agora — pelo menos em Campinas — as armas para combatê-lo estão mais afiadas.