
Eis que o cenário do rap carioca ganha um capítulo turbulento. Oruan, nome artístico que até então ecoava nos bailes e periferias, agora ressoa nos autos processuais. Acontece que o artista — que já teve letras interpretadas como crônicas da quebrada — virou réu em uma narrativa bem menos poética.
Nesta segunda-feira (22), a Polícia Civil do Rio jogou luz sobre uma operação que deixou o meio musical de cabelo em pé. O cantor, segundo as investigações, não estaria apenas rimando sobre o cotidiano das favelas. Estaria, digamos, protagonizando versões pouco lícitas dessa realidade.
As acusações que pesam contra o artista
Parece que a linha entre retratar e participar ficou turva. O Ministério Público aponta que:
- Há indícios concretos de envolvimento com o tráfico de entorpecentes
- Vínculos orgânicos com uma das principais facções que atuam no estado
- Uso da imagem artística para facilitar operações ilícitas
Não foi um flagrante, convenhamos. As peças do quebra-cabeça foram sendo montadas ao longo de meses — interceptações aqui, relatórios de inteligência acolá. A coisa toda veio à tona depois que uma investigação sobre rotas de drogas na Zona Oeste acabou levando, meio que sem querer, à porta dos estúdios do rap.
E agora, José?
O advogado de defesa — sempre ele — já soltou aquele discurso de praxe: "inocente até prova em contrário". Mas a promotoria garante ter nas mãos um dossiê gordo. Coisa de fazer até os mais céticos coçarem a cabeça.
Enquanto isso, nas redes sociais, a galera se divide. Uns chamam de perseguição, outros lembram que, no mundo do crime, nem todo herói usa capa — alguns usam microfone. O certo? Que o processo vai render. E como.
Detalhe curioso: Oruan estava prestes a lançar um álbum chamado "Lei da Rua". Ironia do destino ou premonição involuntária? O tempo — e a justiça — dirão.