
Imagine só: um tribunal clandestino funcionando às escuras, replicando toda a formalidade do sistema judiciário, mas para decidir destinos criminosos. Pois é exatamente essa estrutura bizarrra que a Polícia Civil de Mato Grosso desmontou nesta quinta-feira (26).
Cinco pessoas foram presas – quatro em flagrante e uma por mandado – suspeitas de criar um verdadeiro sistema paralelo de "justiça" para uma facção. O esquema, que soa como roteiro de filme policial, tinha até mesmo etapas que imitavam processos legais.
Como funcionava o tribunal ilegal
Detalhes que impressionam: os investigados realizavam reuniões secretas para analisar supostas infrações cometidas por membros do grupo e até rivais. Eles montavam um verdadeiro ritual de julgamento – quem seria punido, como e quando. Uma cópia grotesca do sistema que juízes legítimos utilizam.
As investigações começaram ainda em agosto, mas ganharam força total agora. A delegada Marília dos Santos, que coordena o caso, não esconde o espanto: "É assustador como eles montaram uma estrutura tão elaborada, com regras próprias e procedimentos que simulam legalidade onde só existe ilegalidade".
Operação foi batizada de 'Phantom'
A operação, que recebeu o nome sugestivo de 'Phantom', cumpriu mandados em Cuiabá e Várzea Grande. Além das prisões, os policiais apreenderam celulares, documentos e anotações que detalhavam o funcionamento desse tribunal do crime.
O que mais choca é a frieza: as decisões incluíam desde advertências até punições físicas, tudo registrado meticulosamente. Uma burocracia do mal, se é que podemos chamar assim.
Os investigados agora respondem por associação criminosa e outros crimes. A polícia ainda busca mais envolvidos – porque, convenhamos, uma estrutura dessas não se sustenta com tão poucas pessoas. O que parece claro é que Mato Grosso deu um golpe importante no crime organizado. Resta saber até quando.