
Doze anos se passaram. Doze longos anos de perguntas sem respostas, de noites maldormidas e de um vazio que não se preenche. A professora Fabiana — aquela que iluminava as salas de aula em Catanduva com seu jeito paciente e seu sorriso fácil — virou estatística num caso que teima em não se resolver.
Era 27 de julho de 2013. Um sábado qualquer, desses que prometem descanso depois da semana de trabalho. Fabiana saiu de casa pra resolver umas coisas na cidade — coisa boba, dizem — e nunca mais voltou. Sumiu feito fumaça. Sem celular, sem testemunhas, sem pistas que fizessem sentido.
O que sabemos (ou melhor, o que não sabemos)
A polícia revirou cada centímetro da região. Revistou terrenos baldios, entrevistou vizinhos, checou câmeras de segurança — aquelas poucas que existiam na época. Nada. Absolutamente nada que explicasse o sumiço daquela mulher de 33 anos, mãe dedicada, profissional respeitada.
- Último registro: Vizinhos juram ter visto Fabiana por volta das 14h perto da Praça da Matriz
- Investigado: Ex-marido foi ouvido, mas não havia provas concretas contra ele
- Teorias: De sequestro a acidente, tudo foi considerado — e descartado
"É como se ela tivesse evaporado", desabafa uma colega de trabalho, ainda hoje com a voz embargada. A escola onde Fabiana lecionava mantém sua foto num mural — "pra ninguém esquecer", explicam.
Família não desiste
A irmã de Fabiana, Mara, transformou a dor em combustível. Todo mês de julho, ela organiza caminhadas pelo centro da cidade com cartazes e velas. "Pode parecer pouco, mas é o que me mantém de pé", confessa, mostrando o desgaste nos olhos. Nas redes sociais, um perfil dedicado ao caso recebe mensagens diárias — algumas de apoio, outras com "teorias malucas" que só atrapalham.
O delegado responsável pelo caso (já o terceiro em 12 anos) garante que as investigações continuam ativas. "Arquivo morto? Nem pensar", dispara ele, irritado com a sugestão. Mas admite: sem novas pistas, fica difícil avançar.
Enquanto isso, Catanduva — aquela cidade do interior onde todo mundo conhece todo mundo — aprendeu a conviver com o fantasma de uma pergunta sem resposta. Nas padarias, nos salões de beleza, nas filas do banco, o assunto volta de tempos em tempos. "Será que um dia a gente vai saber a verdade?", perguntam uns aos outros, sem esperar por respostas.
Fabiana faria 45 anos este ano. Seu filho, então criança, hoje é um jovem que tenta reconstruir a memória da mãe através de fotos desbotadas e histórias contadas por terceiros. A justiça — essa sim — continua devendo explicações.