
Imagine sair para um happy hour num lugar chique e, de repente, seu mundo escurecer para sempre. Foi exatamente isso que aconteceu com uma mulher de 32 anos após consumir uma simples vodca com energético num bar badalado dos Jardins, região nobre paulistana. O caso, que parece roteiro de filme de terror, é real e está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Contra a Saúde Pública.
A vítima — cujo nome não foi divulgado — bebeu a bebida no dia 21 de setembro. Horas depois, começou a sentir sintomas horríveis: visão turva, dores de cabeça insuportáveis e um mal-estar generalizado. Correu para o hospital, mas o pior já estava feito. Os médicos constataram danos irreversíveis no nervo óptico. Ela perdeu a visão permanentemente.
Loteria macabra
O delegado Fábio Pinheiro Lopes, que comanda as investigações, foi direto ao ponto: "Estamos diante de uma loteria macabra". A análise laboratorial confirmou o que todos temiam — a bebida estava contaminada com metanol, um álcool altamente tóxico que o corpo humano transforma em formaldeído, a mesma substância usada para conservar cadáveres.
O que mais assusta nesse caso? A absoluta imprevisibilidade. Você paga caro por uma bebida num estabelecimento supostamente confiável e pode sair dali cego. Uma roleta russa disfarçada de consumo de luxo.
Operação nos bastidores
A polícia já foi ao local e apreendeu amostras de diversas bebidas para análise. O bar — que também não teve o nome revelado — colabora com as investigações, segundo as autoridades. Mas a pergunta que fica é: como uma substância tão perigosa foi parar num drink servido num dos endereços mais caros de São Paulo?
Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que o metanol é muito mais barato que o etanol — o álcool comum das bebidas. Alguns fabricantes ilegais usam a mistura para aumentar lucros, sem o menor cuidado com a vida dos consumidores. Uma economia de centavos que custa uma vida inteira.
- Sinais de intoxicação por metanol: visão embaçada, dor de cabeça latejante, náuseas, vômitos e, nos casos mais graves, coma e morte
- Janela de ação: o tratamento precisa ser iniciado em até 6-8 horas após o consumo
- Dano permanente: a cegueira é irreversível, como infelizmente ocorreu com a vítima
O caso lembra outros episódios trágicos que aconteceram pelo Brasil — em festas universitárias, baladas populares — mas choca ainda mais por ter ocorrido num reduto da elite. Prova que, quando o assunto é bebida adulterada, não há classe social que se salve.
Agora a pergunta que não quer calar: quantas outras garrafas contaminadas estão circulando por aí? A polícia promete respostas, mas para a mulher de 32 anos, qualquer resposta chega tarde demais. Seu mundo já escureceu.