
E então, o silêncio. Não um silêncio qualquer, mas aquele que ecoa por corredores de tribunais e revive uma ferida que teima em não fechar. Christian Brückner, o homem que a justiça alemã aponta como principal suspeito de um dos crimes mais midiáticos do século, simplesmente calou-se. Recusou-se, categoricamente, a responder a qualquer questionamento.
Nada de confissões. Nada de negativas. Apenas um vácuo deliberado, uma estratégia de defensa que joga um balde de água fria nas esperanças de um desfecho – afinal, como avançar quando a principal peça do quebra-cabeça se nega a sair do escuro?
O Jogo de Xadrez Judicial
A recusa não foi um surto, um momento de raiva. Foi calculada. Seu advogado, Friedrich Fülscher, já havia sinalizado que o depoimento só ocorreria se… e aqui vem a jogada mestra… se a acusação apresentasse todas as provas que tem contra ele. Soa quase como um desafio, não? Um «mostre-me primeiro o que você tem, então talvez eu converse».
O problema é que a promotoria, é claro, não joga assim. Eles têm suas cartas na manga e não vão revelá-las antes da hora. Criou-se um impasse. Um braço-de-ferro judicial onde a única certeza é a prolongada agonia da família McCann.
As Outras Acusações na Mesa
Ah, e não podemos esquecer: o tal interrogatório não era só sobre Madeleine. Brückner responde por uma série de outros crimes hediondos na Alemanha – agressões sexuais, posse de material ilegal, você name it. Uma vida dedicada à violência, pelo que os autos indicam.
Ele já está atrás das grades, condenado por alguns deles. Essa sessão seria uma tentativa de conectar os pontos, de amarrar as pontas soltas de um caso que, convenhamos, já deveria ter encontrado seu epílogo há tempos.
Mas e daí? O sistema segue seu curso, lento e meticuloso. A próxima audiência está marcada, e tudo continua nesse ritmo arrastado que, francamente, é de cortar o coração.
Enquanto isso, do outro lado do Canal da Mancha, uma família inteira ainda prende a respiração a cada nova manchete. Dezessete anos se passaram. Madeleine completaria 21 anos em maio. E o mistério… bem, o mistério permanece.