
Numa daquelas situações que deixam o mundo em suspenso — e a imprensa internacional em pé de guerra —, as Forças Armadas de Israel admitiram nesta sexta-feira (10) ter abatido um correspondente da Al Jazeera durante operações em Gaza. O caso, que já vinha sendo tratado como "mais um episódio trágico" no conflito sem fim, ganhou contornos de polêmica internacional.
Segundo fontes militares israelenses — que falaram sob condição de anonimato —, o jornalista teria sido "confundido com um militante" durante troca de tiros na região norte do território palestino. "Houve falha na identificação", justificou um porta-voz, num tom que não convenceu nem os colegas da vítima, nem organizações de direitos humanos.
Reações em cadeia
A rede Al Jazeera, que tem sede no Catar e é conhecida por suas coberturas críticas a Israel, não economizou palavras: classificou o incidente como "assassinato premeditado". Do outro lado, o governo israelense prometeu investigar — como sempre promete —, mas insistiu na narrativa de "cenário de guerra complexo".
Enquanto isso, nas ruas de Ramallah, centenas de palestinos saíram em protesto. Alguns carregavam câmeras e microfones, símbolos da profissão que se tornou uma das mais perigosas na região. "É o quinto colega nosso morto neste ano", lamentou um repórter local, cujo nome preferiu não revelar por "medo de represálias".
Os números que assustam
- Mais de 50 jornalistas mortos na região desde 2000
- Israel nega ter como alvo profissionais de imprensa
- Organizações internacionais acusam ambos os lados de restringir acesso da mídia
O que mais choca nesses casos — e aqui vai um pensamento solto — é como a guerra vai, aos poucos, apagando as testemunhas que poderiam contá-la. Ironia cruel ou estratégia calculada? Difícil dizer. Mas fato é que, com cada lente que se cala, o mundo perde um pedaço da verdade.
Enquanto a ONU pede "investigações independentes" (algo que nunca acontece de fato), as redações pelo mundo se perguntam: até quando enviar equipes para zonas onde a imprensa virou alvo? Pergunta retórica, claro. A resposta, todos sabemos, está nas mesmas motivações que levam jornalistas a zonas de conflito há séculos: dever, idealismo e, quem sabe, um pouco de teimosia.