
Era um dia comum no Hospital Municipal de Guarujá, até que a equipe médica se deparou com um caso digno de roteiro de filme policial. Um paciente boliviano, de 32 anos, chegou reclamando de dores abdominais insuportáveis — mas o que descobriram foi algo muito pior do que uma simples apendicite.
Nas palavras de um enfermeiro que preferiu não se identificar: "Nunca vi nada igual em 15 anos de profissão. O cara tava literalmente carregando um pacote de problemas no intestino".
O desenrolar bizarro
Exames de imagem revelaram 58 cápsulas — sim, você leu certo, cinquenta e oito — de cocaína alojadas no sistema digestivo do homem. Cada uma media cerca de 3cm, totalizando quase meio quilo da droga.
- Primeira dose de realidade: as cápsulas começaram a se romper no organismo
- Segundo turno: risco real de overdose que deixou a equipe em alerta máximo
- Pior cenário: o "paciente" tentou fugir do hospital quando percebeu que seria descoberto
Não deu certo. A Polícia Militar, que já havia sido acionada, fez a abordagem ainda no pronto-socorro. O que era um caso médico virou flagrante internacional de tráfico.
As conexões perigosas
Investigadores acreditam que o boliviano fazia parte de uma rota sofisticada que usa o litoral paulista como ponto de escoamento. Guarujá, com seu porto movimentado e fluxo turístico, seria apenas uma escala num trajeto que começava na Bolívia com destino à Europa.
"Esses caras arriscam a vida como se fosse trabalho de escritório", comentou um delegado da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), visivelmente impressionado com a ousadia do método.
O suspeito — que agora responde por tráfico internacional — está detido no CDP de Guarujá. A justiça já determinou a quebra de sigilo de seus contatos telefônicos e financeiros para mapear a rede criminosa.
Enquanto isso, no hospital, o caso virou tema de corredor: "Depois desse, nenhuma dor de barriga vai ser tratada como simples indigestão", brincou um residente, num raro momento de humor negro entre plantões exaustivos.