
A cena foi digna de filme: uma juíza, firme como rocha, negando sem hesitação o pedido de revogação da prisão de uma ex-funcionária da Unicamp. O motivo? Um desfalque que deixaria qualquer contador de histórias boquiaberto — nada menos que R$ 5,3 milhões sumiram dos cofres da universidade.
E não pense que foi um daqueles crimes sofisticados, cheio de hackers e esquemas internacionais. Pelo contrário. A estratégia era quase ingênua: notas fiscais frias, como se diz no jargão policial. Só que a quantidade — e o valor — chamaram a atenção até dos mais experientes investigadores.
O pulo do gato (que não deu certo)
Detalhes do processo revelam que a acusada, cujo nome não foi divulgado — afinal, a lei é clara sobre isso —, atuava como uma raposa velha no galinheiro. Durante anos, teria manipulado documentos como quem vira páginas de um livro, sempre com um mesmo objetivo: desviar recursos que deveriam financiar pesquisas e bolsas estudantis.
Mas como diz o ditado, por mais longa que seja a noite, o amanhecer chega. E no caso dela, veio acompanhado de algemas. A Polícia Civil, após meses vasculhando papéis e planilhas, montou um quebra-cabeça que nem ela conseguiu desmontar na frente da juíza.
A decisão que ecoou nos corredores da Justiça
Quando a defesa tentou reverter a prisão preventiva, a magistrada — que parece ter sangue de juíza mesmo — foi categórica. "Revogação indeferida", sentenciou, com uma firmeza que fez até os veteranos do fórum arregalarem os olhos. Nos autos, deixou claro: com provas tão contundentes, soltura seria como dar carta branca para novos desvios.
E olha que o argumento da defesa até que tinha seu charme: alegavam excesso de prazo na investigação. Só que, convenhamos, quando se fala em quase seis milhões sumidos, paciência é virtude que se mede em anos, não em meses.
Curiosidade à parte: o caso todo veio à tona quase por acaso. Um auditor, daqueles meticulosos que não deixam vírgula sem análise, estranhou algumas "coincidências" nas contas. E como dizem os detetives, foi só puxar o fio que o novelo inteiro se desfez.
E agora, José?
A ex-servidora, que antes circulava pelos campus como quem não teme o dia de amanhã, agora enfrenta um futuro bem menos promissor. Além da prisão preventiva — que, convenhamos, não é exatamente um spa —, responde por crimes que podem render uma estadia prolongada atrás das grades.
E a Unicamp? Bom, a universidade garante que já tomou medidas para evitar novos "deslizes". Mas fica a dúvida: quantos casos assim ainda passam batido por aí? Pergunta que, infelizmente, muitas instituições preferem não responder.