Imagine só: um calor de rachar o asfalto, e um ser indefeso trancado dentro de um forno sobre rodas. Foi exatamente o que aconteceu com uma cadela em Aracaju, vítima de uma negligência que beira o inacreditável. Mais de dez horas! O tutor – se é que podemos chamar assim – simplesmente a deixou lá, esquecida como um objeto qualquer.
O caso veio à tona na última sexta-feira (19), mas o gosto amargo na boca da gente ainda persiste. Quem acha que animal é coisa, hein? A polícia foi acionada por vizinhos desconfiados – aquela gente que ainda presta atenção no mundo ao redor, graças a Deus. E não é que o barulho insistente de arranhões vinha de dentro de um carro estacionado na Rua São Paulo, no bairro Industrial?
A cena era de cortar o coração. A cadela, uma vira-lata de médio porte, estava visivelmente assustada, ofegante e extremamente desidratada. Os socorristas do Corpo de Bombeiros, verdadeiros anjos de quatro patas (humanas, no caso), não pensaram duas vezes. Usaram técnicas específicas para abrir o veículo sem causar mais danos, num daqueles resgates que valem cada segundo de tensão.
"Ela estava muito fraca, quase não se mexia"
Relatou um dos bombeiros, que preferiu não se identificar. O tom de voz era de cansasso misturado com indignação – algo comum pra quem lida com esse tipo de situação. O animal foi encaminhado ás pressas para uma clínica veterinária parceira. A desidratação era severa, mas felizmente, com os cuidados certos, o quadro é reversível. O que não se reverte é a marca que uma experiência dessas deixa num bicho.
E agora, José? O tal tutor foi localizado e, pasme, tentou justificar o injustificável. Disse que "esqueceu" o animal lá. Esqueceu?! Dez horas é esquecimento? Isso é abandono puro e simples. A Delegacia de Proteção Animal (DPA) já abriu um inquérito para apurar o caso. Maus-tratos a animais é crime, previsto na Lei nº 14.064/20, com pena de até cinco anos de prisão. Será que dessa vez a lei pega?
Isso me faz pensar: será que a gente precisa mesmo de leis mais duras, ou só de um pouquinho mais de humanidade? Fica a dúvida. Enquanto a cadela se recupera – e torcemos muito por ela –, o caso serve de alerta. Num país tropical como o nosso, deixar um animal num carro fechado é, literalmente, uma sentença de morte. E olha, não custa repetir: não façam isso. Jamais.
O que você faria se visse uma situação dessas? Liga pra polícia, pros bombeiros, tenta quebrar o vidro? Conta aí. Às vezes, a ação de um único bystander pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.
