Ramal do Quatorze volta a fechar BR-364: Moradores de Rio Branco protestam por melhorias em menos de 15 dias
Ramal do Quatorze fecha BR-364 novamente em protesto

Parece que a história está se repetindo — e rápido demais. Menos de duas semanas depois do primeiro protesto, os moradores do Ramal do Quatorze, lá na capital acreana, resolveram fechar a BR-364 de novo. A paciência, ao que tudo indica, acabou de vez.

Na segunda-feira, 29 de setembro, a cena foi praticamente um déjà vu: carros parados, buzinas, gente revoltada. Dessa vez, o bloqueio começou por volta das 5h da manhã — horário estratégico para causar o maior transtorno possível, claro. Afinal, quando você quer ser ouvido pelo poder público, tem que fazer barulho.

O que tanto eles querem?

Os problemas são os mesmos de sempre, mas a urgência só aumenta. A estrada do ramal está num estado lastimável — e não é exagero. São buracos que mais parecem crateras, poeira que sufoca quando tá seco, lama que prende tudo quando chove. Basicamente, um inferno na terra para quem precisa passar por ali todo santo dia.

Mas a lista de reivindicações vai além do óbvio:

  • Recapeamento urgente da via — e dessa vez que seja algo que dure mais de uma temporada de chuvas
  • Sinalização que preste, porque no momento é praticamente uma roleta-russa
  • Limpeza dos bueiros, que já estão entupidos faz tempo
  • E a instalação de redutores de velocidade, já que o pessoal passa voando

Não pedem luxo, pedem o básico. O mínimo que qualquer cidadão tem direito.

E o trânsito? Caótico, como era de se esperar

p>Quando se fecha a principal rodovia federal de um estado, o estrago é garantido. Os veículos que tentavam seguir para o interior — ou vir para a capital — tiveram que buscar rotas alternativas. Alguns até conseguiram, outros ficaram horas parados no mesmo lugar. O comércio local, é claro, sentiu o baque imediato.

Por volta das 8h, a Polícia Rodoviária Federal já estava no local tentando negociar. Mas convenhamos: depois que a comunidade já desceu duas vezes ao asfalto em tão pouco tempo, conversa fiada não cola mais.

O que mudou desde o primeiro protesto? Quase nada — e esse é o ponto que mais dói. Os moradores afirmam que, após a primeira mobilização, receberam promessas. Reuniões foram marcadas, compromissos assumidos. Mas na prática, no chão de terra batida do ramal, a realidade continua a mesma.

Um dos líderes comunitários, que preferiu não se identificar, foi direto: "A gente cansa de ser bonzinho. Fizemos ofício, protocolamos, esperamos. Agora só nos resta mostrar que somos sérios quando dizemos que vamos parar tudo".

Até quando essa situação vai se repetir?

Essa é a pergunta que todo mundo no Acre está fazendo. Dois bloqueios em menos de quinze dias não é coincidência — é sintoma de um problema crônico de abandono. E pior: cria um precedente perigoso.

Se outras comunidades com problemas similares veem que o método "funcionou" — mesmo que temporariamente —, qual a garantia de que não vamos ter novas interdições pipocando por aí?

O governo do estado, através da Secretaria de Infraestrutura, emitiu uma nota dizendo que "está ciente da situação e trabalhando em soluções". Mas convenhamos — depois do segundo bloqueio, essa resposta genérica já soa como insulto.

Enquanto isso, no Ramal do Quatorze, a vida segue difícil. Crianças indo pra escola com uniforme sujo de barro, idosos com dificuldade de acesso a saúde, trabalhadores chegando atrasados. O preço do abandono se paga no dia a dia.

Uma coisa é certa: a menos que apareçam máquinas e asfalto de verdade — e rápido —, essa não será a última vez que a BR-364 vai parar. A comunidade já deixou claro que voltará quantas vezes forem necessárias.