
Dois meses se passaram, e o silêncio ainda ecoa na casa da família de Adriano*, um homem de 38 anos que desapareceu sem deixar rastros após a enxurrada que arrasou parte do Rio Grande do Sul. Nem os vizinhos — aqueles que sobreviveram ao caos das águas — sabem dizer o que aconteceu. "Ele saiu para ajudar um amigo e nunca mais voltou", conta a irmã, com a voz embargada. Sim, amigo com 'i' mesmo — no calor da emoção, até os erros de português doem.
As buscas, que começaram no mesmo dia do desaparecimento, parecem ter se perdido no tempo. Os bombeiros reviraram o que sobrou dos bairros atingidos, mas nada. Nem um sapato, nem a camisa listrada que ele usava naquele dia. "É como se a terra tivesse engolido ele", desabafa o pai, enquanto segura uma foto amassada — a única que sobrou da enchente.
O que dizem as autoridades?
Ah, as autoridades... O caso está sob investigação (claro que está), mas até agora, zero de informações concretas. O delegado responsável — que pediu para não ser identificado — soltou aquele clássico "estamos fazendo o possível". Enquanto isso, a família percorre hospitais e abrigos, checando listas de desaparecidos que parecem nunca acabar.
E não, isso não é só mais um caso de desaparecimento. É o retrato de como desastres naturais podem apagar histórias inteiras em questão de horas. Será que Adriano está em algum abrigo, sem documentos e sem memória? Ou será que as águas levaram mais do que casas e móveis?
O que sabemos até agora:
- Desapareceu no dia 17 de junho, durante o pico da enxurrada
- Última vez visto ajudando vizinhos a retirar móveis
- Nenhum registro em hospitais ou abrigos da região
- Família oferece recompensa por informações
Enquanto escrevo isso, chove lá fora — ironia ou mau presságio? — e me pergunto quantos "Adrianos" ainda estão sumidos por aí, suas histórias diluídas na burocracia e no esquecimento. Se você sabe de algo, qualquer coisinha, fale. Pode ser a peça que falta nesse quebra-cabeça doloroso.