
Não é exagero dizer que o cheiro é o primeiro a te atingir. Um misto pesado de podridão e produtos químicos que gruda na roupa e na garganta. Em vários cantos de Belo Horizonte, a paisagem urbana é cortada por valões sinistros — verdadeiros riachos de esgoto e lixo correndo a céu aberto, sem a menor cerimônia.
E o pior? Isso não é novidade. Virou parte da mobília da cidade, um problema crônico que a prefeitura parece incapaz (ou sem vontade) de resolver. Os moradores, é claro, são quem mais sofre. Eles vivem num eterno estado de sítio, com medo de que seus filhos brinquem perto d'água, com receio de doenças e, pasmem, com o temor real de que o chão possa simplesmente ceder.
Um risco que vai muito além do mau cheiro
O perigo é tangível, quase palpável. Crianças brincando perto desses córregos contaminados? Uma verdadeira roleta-russa de saúde pública. A gente fica pensando: será que ninguém vê isso? A lista de doenças que um cenário desses pode provocar é assustadora: hepatite A, leptospirose, dengue, infecções de pele... e por aí vai.
E não para por aí. A força da água da chuva, misturada com todo esse dejeto, vai corroendo o solo. A terra some de baixo dos pés, literalmente. Já imaginou o desespero de ver sua casa, seu muro, sua rua sendo engolidos? Pois é, para muitos, isso não é imaginação — é uma possibilidade real e aterrorizante todos os dias.
Promessas, muitas promessas... e pouca ação
Ah, a prefeitura sempre fala que está "estudando o caso", que tem "projetos em andamento". Mas, cá entre nós, o que a população vê no dia a dia é muito diferente. É o descaso em forma de buraco e esgoto. A sensação que fica é que alguns bairros foram simplesmente esquecidos, abandonados à própria sorte.
Os relatos são de uma frustração profunda. "A gente liga, reclama, faz de tudo, e nada acontece", desabafa um morador, a voz carregada de uma canseira que só quem vive há anos nessa situação consegue entender. É como bater a cabeça numa parede, dia após dia.
Enquanto isso, a cidade segue sua vida. Mas para essas comunidades, a realidade é outra: um jogo perigoso de conviver com um inimigo silencioso e fedorento que serpenteia por suas ruas. Uma situação que clama, urgentemente, por mais do que promessas. Clama por ação, dignidade e um pouco de respeito básico.