
O clima no Tribunal de Contas de Sergipe (TCE-SE) nesta segunda-feira (1º) era de cobrança pura. Não de dinheiro, mas de responsabilidade. O presidente do TCE, conselheiro Carlos Pinna, recebeu representantes do governo do estado para um papo reto — daqueles que a população gostaria de estar ouvindo.
O assunto? Algo tão básico e, ao mesmo tempo, tão problemático: a água que não chega na torneira e o esgoto que, bem, muitas vezes não vai para onde deveria. Um verdadeiro caldeirão de insatisfação que ferve em muitos municípios sergipanos.
O Que Realmente Aconteceu na Reunião?
Do lado do governo, sentaram-se à mesa o controlador-geral, João Chaves, e o secretário de Estado de Infraestrutura, Valberto Lima. Eles foram literalmente convocados para prestar contas. A motivação principal foi um relatório técnico, um daqueles documentos cheios de números e dados, elaborado pela equipe de fiscalização do próprio TCE.
Esse relatório não fez rodeios. Apontou falhas — e não foram poucas — na prestação dos serviços de água e esgoto no estado. E aqui, a gente sabe, o dedo aponta diretamente para a Deso (Companhia de Saneamento de Sergipe). A situação é crítica em várias frentes: desde a simples falta d'água em alguns lugares até a complexa e perigosa precariedade no tratamento de esgoto.
Carlos Pinna foi direto ao ponto. Ele deixou claro que o Tribunal não vai ficar de braços cruzados apenas analisando papéis. A ideia é botar o pé na estrada e ver com os próprios olhos o que está acontecendo. “A gente precisa ir a campo, ver a realidade”, disse ele, destacando que a fiscalização in loco é crucial para entender a profundidade do problema.
E o Governo? O Que Disse?
Os representantes estaduais, é claro, não ficaram quietos. Assumiram que a parceria com o TCE é fundamental — até porque, quem é que vai dizer não a uma cooperação dessas? E tocaram num ponto que é a espinha dorsal de todo esse imbróglio: a tal da outorga.
A Deso opera, mas a regularização definitiva desse serviço ainda está pendente. É como dirigir um carro com a documentação vencida. Pode até funcionar, mas o risco e a irregularidade são enormes. Eles prometeram, veja só, agilizar esse processo junto à Agência Reguladora (Agesan). Promessa que, convenhamos, a população ouve há tempos.
O secretário Valberto Lima tentou acenar com uma perspectiva positiva. Falou em “novo momento” e em “parceria produtiva” com o Tribunal. Disse ainda que o governador está totalmente focado em resolver o problema do saneamento no estado. Mas entre o discurso e a água correr na torneira de quem precisa, existe um longo caminho.
E Agora? Qual é o Próximo Passo?
O TCE não saiu com uma resposta pronta. Muito pelo contrário. A reunião foi o pontapé inicial de um processo de acompanhamento que promete ser bem apertado. O Tribunal vai continuar de olho, analisando as ações do governo e, principalmente, cobrando resultados tangíveis.
O conselheiro Pinna foi enfático ao dizer que o objetivo final não é criar conflito, mas encontrar soluções efetivas. “O que queremos é melhorar a vida do cidadão”, resumiu. Uma fala que soa como um bálsamo para quem sofre com a falta de um serviço tão essencial.
A verdade é que o povo de Sergipe está cansado de promessas. Cansado de ver a conta da água chegar todo mês enquanto o serviço deixa — e muito — a desejar. A fiscalização do TCE acendeu uma luz no fim do túnel, mas ninguém sabe ao certo quão longo esse túnel ainda é. Fato é que o jogo começou, e a bola agora está com o governo.