
Poços de Caldas está no centro de uma tempestade política que cheira a concreto, papelada e — suspeita-se — algo muito pior. A Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para vasculhar cada centavo gasto na construção do novo centro administrativo.
E não foi uma decisão qualquer. Foi por 13 votos a zero, um raro momento de unanimidade que, convenhamos, geralmente só acontece quando o cheiro de podridão é forte demais para ser ignorado. A proposta partiu do presidente da casa, vereador Gilberto de Castro, o Giba, que parece não estar disposto a deixar pedra sobre pedra — literalmente.
O que está em jogo?
A tal obra, orçada inicialmente em uma pequena fortuna, vem sendo um poço de questionamentos. A promessa era moderna, eficiente e imponente: um novo lar para os servidores municipais. A realidade, ao que tudo indica, pode ter sido manchada por desvios, superfaturamento e uma série de — como dizem por aí — "malabarismos" contábeis.
Não se mexe em time que está ganhando, mas também não se deixa de investigar quando as contas simplesmente não fecham. A CPI terá poderes de tirar o cavalo da chuva: vai convocar testimunhas, requisitar documentos e, basicamente, revirar cada laje do processo licitatório e da execução da obra.
E agora, o que esperar?
Bom, se a história nos ensinou algo, é que CPI no Brasil é como novela das oito: todo mundo para para assistir. Vai ter drama, vai ter suspense e, com sorte — ou com muita pressão popular —, vai ter capitão levando cana no final.
Os prazos? A comissão tem 120 dias, prorrogáveis por mais 60, para desembaralhar o novelo. Tempo mais que suficiente para descobrir se o que foi construído foi um centro administrativo ou um monumento à impunidade.
Enquanto isso, a cidade fica de olho. E torcendo — sempre torcendo — para que a verdade, dessa vez, saia de dentro dos escombros dos papéis e dos desmandos.