
Era uma daquelas manhãs cinzentas em Campos dos Goytacazes quando o impensável aconteceu — um estrondo ensurdecedor ecoou pelas ruas do centro. Não, não era um caminhão carregado ou obra próxima. Era um prédio de três andares, esquecido há anos, que decidiu que aquela seria sua última manhã em pé.
Por volta das 10h30, a estrutura já combalida — aquelas que a gente passa todo dia e pensa "um dia cai" — simplesmente capitulou. Tijolos, vergalhões e muito pó tomaram a Rua Barão de Miracema, bloqueando parcialmente o trânsito. Um espetáculo triste de negligência urbana.
"Foi um milagre", diz morador
João, dono de uma banca de jornais a 50 metros dali, contou que o barulho foi "como se o mundo tivesse rachado". "Todo mundo correu pra ver. O prédio tava vazio fazia anos, cheio de mato até no telhado. A prefeitura devia ter derrubado antes", disparou, ainda abalado.
Os bombeiros chegaram em 15 minutos — tempo recorde pra região — e confirmaram: zero vítimas. "Ainda bem que caiu de dia", comentou o capitão Silva, enquanto a equipe isolava a área. "De noite poderia ter moradores de rua lá dentro."
O que se sabe até agora:
- Prédio comercial abandonado desde 2018
- Última vistoria técnica: 2016 (sim, há 9 anos!)
- Área interditada por risco de novos deslizamentos
- Prefeitura promete "apurar responsabilidades" (aquela velha história...)
Engenheiros que analisaram as imagens — de longe, claro — suspeitam de infiltrações crônicas e falta de manutenção. "Quando você ignora pequenos problemas por anos, eles viram catástrofes", filosofou um técnico da Defesa Civil, entre um gole de café e outro.
Enquanto isso, comerciantes da região ficam de olho nas próprias estruturas. "Se aquele caiu, o meu também pode", murmurava uma dona de loja, observando rachaduras que "sempre estiveram ali". A ironia? O prédio ao lado — igualmente antigo — abriga justamente uma imobiliária.