O centro histórico de Salvador acordou com um cenário digno de filme de ação nesta quarta-feira. Por volta das 6h30, labaredas altas como prédios de dois andares devoravam um casarão centenário na Rua do Passo — aquela mesmo, cheia de história e turistas durante o dia.
Quem passava pelo Pelourinho nessa hora mal podia acreditar. "Parecia que o sol tinha decidido nascer ali", contou Dona Maria, uma baiana de 62 anos que vende acarajé na esquina há décadas. O fogo — teimoso como capim seco no verão — resistiu bravamente às mangueiras dos bombeiros por mais de três horas.
Operação de resgate
Os heróis de uniforme amarelo trabalharam como formigas em açúcar. Dois caminhões, uma escada magirus e pelo menos 15 homens se revezavam entre fumaça e calor insuportável. "A estrutura é antiga, então tivemos que ter cuidado redobrado", explicou o capitão Almeida, com a voz rouca de tanto comando.
- Não houve vítimas (graças a Deus!)
- O prédio estava desocupado — dizem que ia virar hostel
- Danos estimados em R$ 500 mil
E o pior? Aquele cheiro de madeira queimada que impregnou o ar até a Praça da Sé. Quem tem rinite sabe — foi um dia pra ficar em casa.
O que se sabe até agora
Os peritos ainda estão investigando, mas já rolam dois palpites na rua:
- Falha elétrica — aquela fiação antiga que ninguém moderniza
- Vandalismo — porque tem gente que acha bonito destruir história
Enquanto isso, os vizinhos ficam de olho. "A gente conhece cada tijolo desses prédios", diz Seu Jorge, morador desde os tempos em que o Pelô era perigoso de verdade. Agora resta esperar — e torcer para que as autoridades tomem providências antes que mais um pedaço da nossa memória vire cinza.
