
Era para ser mais um domingo tranquilo na casa do engenheiro civil Felipe Rabelo, em Goiânia. Trinta e três anos, carreira promissora, cercado pelos amigos que eram como família — a vida parecia sorrir para ele. Até que, num piscar de olhos, tudo mudou.
O que começou como um gesto de puro amor pelos animais terminou em tragédia. Felipe tentava resgatar o cachorro, que havia caído em uma área de difícil acesso na residência, quando o impensável aconteceu. Uma queda. Fatal.
"Ele estava exatamente onde amava estar, com as pessoas que amava", conta a amiga Thaís Matos, ainda visivelmente abalada. A voz embarga ao lembrar do companheiro de tantas histórias. "Felipe era daquelas pessoas que iluminavam o ambiente. Generoso, divertido, o tipo de pessoa que faria qualquer coisa por um amigo… ou por um animal".
O Socorro que Não Chegou a Tempo
O Corpo de Bombeiros foi acionado às pressas, por volta das 18h30 daquele domingo (31). Mas, infelizmente, mesmo com todos os esforços, nada pôde ser feito. O laudo preliminar do IML apontou traumatismo craniano como causa da morte — consequência direta do impacto da queda.
Thaís, que também é engenheira civil, divide agora a dor com um grupo de amigos unidos pela perda. Estamos todos devastados, confessa. "Era nosso porto seguro, a pessoa que sempre tinha uma solução para tudo. A ironia cruel é que não pudemos fazer nada para salvá-lo".
Mais que Amigos: Irmãos de Coração
O grupo, que se conhecia desde os tempos de faculdade, tinha uma ligação incomum. Eles se chamavam de "família escolhida". E Felipe era, sem dúvida, o pilar dessa família. "Nosso lema sempre foi 'amigos para sempre'", lembra Thaís, com um misto de saudade e incredulidade. "Nunca imaginamos que 'para sempre' seria tão curto".
O velório do engenheiro aconteceu na segunda-feira (1º), no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia. Um cortejo silencioso de amigos e familiares — cada um carregando uma memória, uma história, um pedaço do riso que agora se calou.
A dor da perda é imensa, quase insuportável. Mas Thaís encontra algum consolo na maneira como Felipe partiu: fazendo o que sempre fez — cuidando dos outros. Mesmo que esse outro fosse um fiel companheiro de quatro patas.
Uma história que começa com um ato de coragem e termina em luto. Deixando para trás uma lição dura sobre como a vida pode ser frágil. E como, às vezes, os gestos mais nobres têm as consequências mais imprevisíveis.